
Fernando Henrique Guerrero, de 43 anos, que estava foragido da Justiça acusado de exercer ilegalmente a medicina e de estar envolvido na morte de uma paciente, foi preso após se apresentar com um advogado na tarde desta terça-feira (24), no 1º Distrito Policial de Guarulhos, na Grande São Paulo. A prisão foi confirmada ao Portal iG pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio de nota (veja completa abaixo).
Guerrero atuou como falso clínico geral em Sorocaba, no interior de São Paulo, sem ser formado em Medicina. Segundo o Ministério Público, ele é investigado por ter causado, em 2011, a morte de uma mulher vítima de infarto, por diagnosticar errado o quadro dela.
Uma reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, mostrou que Guerrero chegou a forjar a própria morte para escapar da Justiça. O esquema incluiu a criação de documentos falsos e o recrutamento de outra mulher, também investigada por atuar como médica sem registro.
A Polícia Civil informou que a investigação continua para o total esclarecimento dos fatos e que Guerrero permanece à disposição da Justiça.
Entenda o caso
Guerrero começou a se passar por médico em 2011, ao ser contratado pela Santa Casa de Sorocaba, no interior de São Paulo. Ele cursou três anos da faculdade de Medicina e nunca concluiu a formação. Mesmo assim, atendia pacientes, fazia diagnósticos e prescrevia medicamentos. À época, usava o nome falso de “Ariosvaldo” para atuar na unidade de saúde.
Em outubro daquele ano, uma mulher chamada Helena Rodrigues procurou atendimento com queixa de dor abdominal. Fernando a medicou e liberou, mas ela morreu no dia seguinte, em casa. De acordo com o Ministério Público, a dor era compatível com um quadro cardíaco, mas ele diagnosticou como muscular. Ele então se tornou réu pela morte.
Durante o processo, Fernando mudou de nome e passou a assinar como Fernando Henrique Dardis. Em 2019, conseguiu autorização judicial para adotar o sobrenome do pai biológico. Desde então, o julgamento era adiado com atestados médicos apresentados pela defesa. Em janeiro deste ano, chegou a declarar à Justiça que havia morrido, por meio de uma certidão de óbito.
A suposta morte teria ocorrido no Hospital Brás Cubas, em Guarulhos, e o documento trazia o nome da médica Claudia Obara, madrinha de casamento de Fernando. Procurada pela TV Globo, ela negou ter assinado a certidão e que estava no hospital naquele dia.
A farsa começou a ruir quando promotores descobriram que, dois meses após a suposta morte, Fernando esteve em um cartório de Guarulhos para atualizar sua ficha cadastral, com uma nova foto. Uma investigação no cemitério municipal também revelou que o túmulo atribuído a ele tinha outro nome registrado no sistema.
O esquema foi descoberto após a prisão de Camila Aline da Silva Matias Rocha, que também se passava por médica e teria sido indicada por Fernando. Ela era procurada pela Justiça por suspeita de envolvimento em um homicídio durante um roubo.
Segundo o MP, mais de 20 famílias procuraram a polícia relatando atendimentos feitos por Fernando, mas nem todas foram capazes de relacionar o falso diagnóstico a complicações graves.
Nota da SSP
A Polícia Civil informa que um foragido da justiça, de 43 anos, se apresentou junto a seu advogado na tarde de terça-feira (24) no 1 DP de Guarulhos, onde permanecerá à disposição da justiça. Diligências prosseguem visando o devido esclarecimento dos fatos.