Estudante morto durante abordagem: câmeras corporais desmentem versão dos policiais

Vídeos completos não constam no inquérito por “impossibilidade técnica”

Estudante de medicina foi morto pela PM na Vila Mariana
Foto: Reprodução
Estudante de medicina foi morto pela PM na Vila Mariana


As câmeras corporais acopladas nos uniformes dos policiais militares que participaram da abordagem que resultou na morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta desmentem a versão dos agentes. O estudante de medicina foi morto em 20 de novembro do ano passado, na Zona Sul de São Paulo .

Segundo as imagens do relatório da Polícia Civil , o estudante foi encurralado e baleado após receber um chute, sem tentar pegar a arma do soldado Bruno Carvalho do Prado , conforme havia sido alegado pelos policiais para justificar o disparo feito pelo soldado Guilherme Augusto Macedo . As informações foram obtidas pela CNN.

Vídeos completos fora do inquérito

O material completo foi analisado pelas equipes do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa ( DHPP ), que concluíram que os policiais não falaram a verdade quando ligaram para pedir socorro à vítima, que chegou a ser atendida, mas morreu no hospital Ipiranga.

O documento revela que durante a chamada para o socorro e pedido e apoio de outros agentes, os militares teriam dito que Marco Aurélio resistiu à abordagem, entrou em luta corporal e que em determinado momento tentou “subtrair a arma de fogo que o soldado Prado portava”.

Apesar da análise feita, os vídeos completos não constam no inquérito por “impossibilidade técnica”. Diversos frames foram juntados no relatório, no qual mostram que o estudante de fato reagiu à abordagem, mas pediu para que os policiais não encostassem nele.

Para os investigadores do DHPP, apesar do estudante resistir à abordagem, em nenhum momento “houve movimentação corporal da vítima em direção à arma de fogo do policial, que justificasse, naquele momento, o disparo”, diz trecho do documento.


A polícia civil pediu a prisão preventiva do soldado Augusto, autor do disparo, por entender que ele assumiu o risco de matar ao utilizar a arma de fogo ilegalmente diante de uma suposta ameaça ao colega de farda. O pedido aguarda decisão da Justiça.

Ministério Público denuncia policiais

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou na quarta-feira (8) os policiais militares Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado por homicídio qualificado, apontando perseguição injustificada e o disparo fatal como fatores determinantes na morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta.