No primeiro trimestre de 2024, o estado de São Paulo registrou alta de 138% nos casos de mortes por policiais militares em serviço em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (29) pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Ao todo, foram 179 óbitos até março, ante 75 no mesmo período de 2023. Este é o maior número de vítimas fatais desde 2020, quando foram 218 mortos. Em 2022, foram 74 casos.
A Operação Verão , conduzida pela PM na Baixada Santista e encerrada em 1º de abril, pode ser uma explicação para o aumento significativo de mortes após dois anos com números mais baixos de casos. O total de 56 mortes durante a operação pode ter contribuído para esse cenário.
A operação da PM no litoral iniciou em dezembro, mas ganhou força em fevereiro, após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo. O aumento alarmante de mortes no litoral paulista gerou críticas à atuação policial, inclusive uma queixa ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, apresentada no último mês pela Conectas Direitos Humanos e pela Comissão Arns.
Quando questionado sobre o assunto, o governador Tarcísio de Freitas afirmou não se importar com as denúncias de abusos cometidos durante a Operação Verão.
"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não estou nem aí", disse Tarcísio.
A Operação Verão é a segunda ação mais letal da história da polícia de São Paulo, ficando atrás apenas do massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da Casa de Detenção.
Número de mortes por PMs no estado no primeiro trimestre de cada ano:
- 2015: 185
- 2016: 141
- 2017: 160
- 2018: 157
- 2019: 179
- 2020: 218
- 2021: 162
- 2022: 74
- 2023: 75
- 2024: 179
Segundo o Ouvidor da Polícia Militar, Cláudio Aparecido da Silva, o número é "alarmante".
"O dado é alarmante, visto o histórico do estado de São Paulo, que vinha numa forte tendência de queda desse tipo de homicídio. É o momento de as autoridades e a própria sociedade refletir se é mesmo essa polícia que a gente deseja", diz Silva ao jornal Folha de S. Paulo.
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo, abriu uma notícia fato para investigar denúncias de que os mortos na operação estão sendo levados como vivos para hospitais, contestando a atuação da polícia na Baixada.
A pasta não se manifestou sobre os dados divulgados nesta segunda-feira (30).
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