O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), publicou nesta quarta-feira (10) a exoneração de Marta Suplicy (sem partido) no Diário Oficial do município. Com isso, Marta está fora da secretaria de Relações Internacionais após três anos. Agora, ela deverá ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL).
Ontem, Marta se reuniu com o prefeito Nunes. Ela queria que a exoneração fosse “a pedido”, mas o prefeito não concordou. Ele ficou chateado com a forma como a articulação com Boulos aconteceu, segundo pessoas próximas informaram ao GLOBO.
O prefeito decidiu antecipar a saída de Marta, alegando "quebra de confiança". Marta viajou a Brasília na segunda-feira (8) para um evento com Lula, sem avisar o prefeito. Ela planejava falar com o prefeito quando voltasse das férias, no dia 15.
Na reunião de ontem na prefeitura, que começou às 17h e durou cerca de duas horas, ninguém falou com a imprensa depois. Estavam presentes o secretário de Governo, Edson Aparecido, e o marido de Marta, Márcio Toledo.
O MDB foi ameaçado de retaliação pelo União Brasil, que cogita lançar Kataguiri como candidato à prefeitura de São Paulo.
Durante a reunião, o marido de Marta disse que as conversas com Boulos eram importantes para a eleição de São Paulo, onde está em jogo a reeleição de Lula. Marta e seu marido alegaram que não procuraram Nunes antes porque a conversa com Lula foi ontem. No entanto, Nunes disse que essas conversas já estavam nos noticiários há duas semanas.
Após a reunião, Marta divulgou uma carta à imprensa, datada de "10 de janeiro", falando em "pedido de demissão em comum acordo". Agradeceu a Nunes pelo tempo na equipe, mas indicou uma nova conjuntura política na cidade.
Nunes ficou sabendo do encontro de Marta com Lula pela imprensa. Poucas horas antes, ele havia reiterado sua confiança na secretária em entrevista. A articulação com Boulos foi vista como traição, já que Marta não discutiu a possibilidade de sair com o prefeito.
Marta retorna ao PT após oito anos longe do partido. Pela legenda, foi deputada federal, ministra dos governos Lula e Dilma Rousseff, senadora e prefeita de São Paulo entre 2001 e 2005.
Ela deixou o grupo político após as acusações da Operação Lava Jato e migrou para o MDB. Em 2018, deixou a legenda e ficou sem partido por dois anos, quando se filiou ao Solidariedade. Durante a pandemia, também saiu da legenda e se tornou próxima do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morto em 2021, e que a convidou para assumir o cargo na secretaria.