Padre Júlio: Thammy e outros 3 vereadores retiram apoio à CPI das ONGs

O vereador afirma que nome do religioso não estava no requerimento e alega ter sido "vítima de fake news"

Thammy Miranda
Foto: Reprodução
Thammy Miranda

O vereador de São Paulo Thammy Miranda (PL) afirmou nesta quinta-feira (4) que irá retirar sua assinatura da  CPI das ONGs na Câmara da capital. Segundo ele, o motivo seria não ter sido avisado que a apuração teria como alvo o padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na Cracolândia, localizada na região central da capital.

Outros três vereadores também retiraram apoio à CPI, segundo a GloboNews: Xexéu Tripoli (PSDB), Sidney Cruz (Solidariedade) e Sandra Tadeu (União Brasil).

"Em nenhum momento foi citado o nome do padre no requerimento, se tivesse jamais teria assinado porque defendo o trabalho dele. O padre está lá para ajudar as pessoas, estamos do mesmo lado. O que está acontecendo é uma grande fake news, o vereador está fazendo campanha política em cima", disse Thammy em entrevista ao jornal O GLOBO.

Ele também elogiou o trabalho do padre, e diz que esperava contar com seu apoio nesta recuperação humanitária:

"Acredito que 90% dos vereadores que assinaram não são contra o padre, assinaram com a intenção de proteger os usuários e as pessoas que moram em torno. Nossa intenção é de proteger e inclusive com a ajudar do padre", disse Thammy Miranda.

O vereador do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e base do prefeito Ricardo Nunes, se contrapõe à imagem de parlamentar conservador, destacando seu interesse em auxiliar e zelar pelas pessoas.

"Gosto de ajudar e cuidar das pessoas. Acredito que viemos ao mundo para servir", justificou. 

Nesta manhã, o nome do vereador tornou-se um dos assuntos mais discutidos no X (antigo Twitter), em meio a acusações de traição ao padre. Essas acusações surgiram pois, em agosto de 2020, Júlio Lancellotti defendeu Thammy publicamente. Naquela ocasião, políticos de extrema-direita, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atacaram o filho de Gretchen por sua participação em uma campanha de Dia dos Pais da marca Natura.

"O que ofende a tal moral cristã? O pai trans que cuida de seu filho? Ou o abandono, a fome, o desrespeito, o veto ao auxílio emergencial às mães que criam seus filhos sozinhas?", questionou o líder religioso em resposta aos ataques transfóbicos.

CPI das ONGs

A proposta para a criação da comissão parte do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e tem como principal foco duas entidades dedicadas ao trabalho comunitário para a população de rua e dependentes químicos na região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste.

Nunes acusa o religioso de fazer parcerias com elas. Ao GLOBO, o vereador disse receber "inúmeras denúncias" sobre a atuação de várias ONGs no Centro de São Paulo, que dão alimentos, mas não realizam o acolhimento dos vulneráveis:

"Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação."

Em suas redes sociais, Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades.

"Esclareço que não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização Não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal. A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão", disse em nota.