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Kim garante apoio do União mesmo com resistência de Milton Leite

Deputado diz ter maioria nas executivas nacional e estadual, mas vê entrave em apoio do presidente da Câmara Municipal na corrida pela Prefeitura de São Paulo

Foto: Reprodução Twitter/@kimpkat
Kim Kataguiri garante que terá apoio do União Brasil na eleição 2024

O deputado federal  Kim Kataguiri (União Brasil-SP) garantiu ter o apoio da legenda para ser candidato à Prefeitura de São Paulo em 2024 e vê chances reais de ir ao segundo turno. A declaração é uma resposta em entrevista exclusiva ao iG à resistência da executiva municipal do União Brasil ao seu nome na disputa municipal.

Desde que anunciou sua pré-candidatura , Kim tem enfrentado resistência de nomes da alta cúpula do partido em São Paulo, principalmente de Milton Leite, presidente da Câmara Municipal da capital paulista, que defende a união com o MDB para apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes.

Na disputa interna do partido, Leite chegou a sugerir ser vice de Nunes na chapa, mas a tendência é que o nome colado ao atual prefeito seja do PL.

Kim disse que tem tentado quebrar a resistência de Milton Leite e admitiu ter conversado com o vereador sobre o União Brasil lançar uma candidatura própria. O parlamentar vê com expectativa o apoio do presidente da Câmara ao seu nome na convenção marcada para o começo do próximo ano.

“Eu tenho legenda! O União vai bancar a minha candidatura e hoje eu tenho maioria no diretório para vencer a nomeação em abril do ano que vem. Acredito até que tenho o apoio do vice-presidente do partido e presidente do partido no Estado de São Paulo, que é o Antônio Rueda. Tenho também o apoio do secretário-geral do partido, o ACM Neto; tenho o apoio da maior parte dos vice-presidentes da executiva [estadual] e da executiva nacional. Eu acredito que hoje eu tenho maioria para vencer, caso isso seja levado a uma disputa, mas que acredito que isso nem sequer vá para a disputa”, disse Kim ao iG.

“O vereador Milton Leite, vendo o crescimento da minha candidatura e vendo que o crescimento da candidatura não só mostra viabilidade para vencer as eleições, mas mostra também que o partido ter uma candidatura própria aumenta a sua bancada de vereadores pelo voto de legenda, pela visibilidade, por estar no debate nacional, acredito que ele próprio, ao longo do tempo, vai se convencer de apoiar a minha candidatura. Por enquanto, ele ainda apoia o prefeito [Ricardo Nunes]. É uma posição legítima dele”, concluiu.

Sem apoio de Republicanos, Progressistas e PL, Kim Kataguiri já começa a trabalhar na formação de coligação para ganhar tempo de TV e Rádio. Questionado sobre os partidos, Kim preferiu deixar em sigilo.

Os três partidos citados acima devem apoiar Nunes na campanha, enquanto o Novo lançará Marina Helena como candidata ao comando da capital paulista. Kataguiri vê chances na disputa do voto da direita e acredita que poderá conquistar votos importantes daqueles que não conhecem o prefeito de São Paulo.

“Em relação ao prefeito Ricardo Nunes, ele é um sujeito que é muito simples e muito fácil de se expor todos os defeitos da gestão dele, porque não tem uma qualidade. Não tem um ponto que você olhe para a gestão dele e fala: 'olha, isso aqui está indo bem.' Não existe nenhum setor na prefeitura de São Paulo que esteja indo bem. Inclusive, para mim, a única chance de Guilherme Boulos vencer a prefeitura de São Paulo é indo para o segundo turno contra o Ricardo Nunes, porque aí é muito fácil de 'nadar de braçada' em cima de todas as deficiências da prefeitura”, disse.

"Em relação à Marina Helena, com todo respeito à pré-candidatura dela, sai de um partido que não tem direito a debate. Então, eu não vejo um candidato vencer a eleição sem participar de debate. Ela nunca exerceu o mandato, nunca venceu uma eleição, ela não tem a projeção necessária, por mais que possa ter boas ideias. Agora, ela não é, na minha avaliação, um nome que está hoje conhecido o suficiente para ser debatido pelo próprio eleitorado", avaliou.

MBL tem planos ambiciosos

Nas últimas semanas, o Movimento Brasil Livre (MBL), liderado por Kim Kataguiri, passou a se articular para formar um partido e deve iniciar a coleta de assinaturas nas próximas semanas. Ao iG, Kim admitiu que o MBL passou por dificuldades nos últimos anos, mas que deve encerrar 2023 em alta.

O movimentou ganhou forma em 2013, em meio aos protestos contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Entretanto, viu o enfraquecimento tomar conta com polêmicas nos bastidores, como o desgaste como vereador Fernando Holliday e a cassação do mandato do ex-deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei.

“Este ano que nós vivemos é o melhor ano do Movimento Brasil Livre. É o ano em que todos os nossos membros e porta-vozes cresceram em número de alcance, de seguidores nas redes sociais, que o movimento institucionalmente aumentou as suas lives, nós lançamos uma revista impressa própria que já tem mil assinantes — a revista Valete —, a gente lançou o Clube MBL para o financiamento recorrente e mensal do movimento e que hoje já tem de nove a dez mil assinantes”, declarou.

“Eu acho que a militância do MBL nunca esteve tão grande e diferente de outros candidatos que precisam pagar para gente fazer campanha para eles no MBL. As pessoas pagam para nos ajudar, pagam para serem militantes e possuem muito mais qualidade justamente por passar por um processo de formação”.

Nos bastidores, o MBL trabalha com a formação de dois vereadores na capital paulista para catapultar a formação da legenda. Porém, Kim admite a dificuldade na coleta das mais de 500 mil assinaturas para ter o partido chancelado pela Justiça Eleitoral.

“A formação de um partido político, a gente sabe que é difícil. Sabemos que vai ser difícil, que vai demorar e que o foco da militância para o ano que vem não vai ser o partido político: vão ser as nossas candidaturas para vereador, principalmente nas capitais, e as prefeituras de São Paulo — em que eu sou pré-candidato — e do Rio de Janeiro — em que o Pedro Duarte é pré-candidato”.

“Então, eu vejo que é um projeto que a gente tem já há muito tempo, que a gente não levou em frente por todas as dificuldades, burocracia, etc., mas que finalmente vamos dar o start e tentar construir esse partido. Mas, nesse primeiro momento, esse projeto fica em segundo plano porque o principal foco do movimento deve ser as eleições no ano que vem”, ressaltou.

O parlamentar diz não ter receio de que o MBL precise formar federação para sobreviver, caso se torne um partido político. Atualmente, os partidos precisam ter 11 parlamentares em 9 estados para ‘sobreviverem’ com fundo partidário e debates na TV aberta. O MBL conta com apenas um deputado federal e um estadual em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

“Eu vejo zero necessidade de se formar a federação. O objetivo, se o MBL conseguir formar um partido político, é bater a cláusula de barreira sozinho. Não é depender de nenhum outro partido, e mesmo que não bata a cláusula de barreira, não é como se a gente dependesse para existir da cláusula. A gente pode continuar existindo como partido sem bater cláusula, mas acredito que a gente bateria sim, até pelo número de pessoas que a gente planeja eleger nos próximos anos”.