"Tragédia anunciada", disse MP sobre ocupação no litoral de SP em 2021

Ação movida pelo órgão alertou administração municipal sobre riscos do crescimento desordenado.

Chuvas causaram destruição no litoral norte de São Paulo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Chuvas causaram destruição no litoral norte de São Paulo

Há dois anos, em 2021, o crescimento desordenado com a ocupação de morros na Vila Sahy , na costa sul de São Sebastião, preocupava o Ministério Público Estadual de São Paulo . O órgao, que classificou os últimos acontecimentos como uma "tragédia anunciada", chegou a alertar em ação contra a prefeitura a regularização da área, que foi destruída após deslizamentos causados pelos fortes temporais na região. Até agora, segundo a Defesa Civil ,  48 pessoas morreram.

"A manutenção do núcleo congelado, na área e nos moldes em que se encontra, é uma verdadeira tragédia anunciada, a qual, salienta-se, já se concretizou na área de outros núcleos congelados, em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos", disse o MP em 2021.

Em um documento, a Promotoria diz que o crescimento desordenado na Vila Sahy aconteceu por falta de fiscalização da administração municipal e que havia riscos para os moradores que estavam no local.

"A ausência de ação fiscalizatória do Poder Público municipal e total ineficiência das medidas adotadas dentro de seu poder de polícia permitiram a ocupação e a expansão desenfreada do núcleo", concluiu.

O MP ainda afirmou no documento, de 2021, que  a comunidade estava instalada em uma área sujeita a risco de deslizamentos de terra e suscetível a inundações, o que aconteceu no último fim de semana.

A Vila Sahy, em tese, é uma área em que estão proibidas novas ocupações. Em 2009, a Prefeitura de São Sebastião assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público em que "congela" a área, além de se comprometer a regularizar o local em, no máximo, dois anos, o que não aconteceu.

Em 2021, Ministério Público entrou com uma ação civil pública para exigir a intervenção no local,  o que inclui ligação oficial de água, luz, urbanização e liberação das áreas de risco.

Apesar da ação ser de 2021, a regularização fundiária de áreas como a Vila Sahy se arrasta por anos. O Ministério Público informou que ajuizou 42 ações civis públicas com o objetivo de decretar intervenções em 52 áreas com deficiências de infraestrutura e riscos à população de São Sebastião.

A regularização fundiária da Vila Sahhy foi determinada pela Justiça em 2022, no entanto, ainda não saiu do papel.

Segundo a prefeitura local, que recorreu da decisão, os prazos estabelecidos não podiam ser cumpridos.

A administração afirma que trata-se de um núcleo de alta complexidade e que era necessária a conclusão de estudos geológicos, que antecedem a regularização em si. O recurso foi negado.

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