Após denúncia, 221 mil presos e 35 mil servidores serão testados, diz secretário
De acordo com o secretário da Administração Penitenciária, em entrevista exclusiva ao iG, a primeira unidade prisional que vai receber a fase de testes será a Penitenciária II de Sorocaba
Por Eduarda Esteves |
Após a denúncia publicada pelo iG, nesta terça-feira (9), sobre a falta de testagens em massa em presidiários e servidores do sistema prisional de São Paulo, o secretário da Administração Penitenciária, coronel Nivaldo Cesar , garantiu que todos serão testados gradualmente a partir da próxima segunda-feira (15).
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De acordo com o secretário, em entrevista exclusiva, a primeira unidade prisional que vai receber a fase de testes será a Penitenciária II de Sorocaba , já que o local registrou quatro mortes de presos pela Covid-19.
“Ontem (segunda-feira, 8) à tarde, por volta das 15h, eu tive uma reunião com o secretário de Saúde e toda a equipe dele. O que ficou decidido é que a população privada de liberdade vai ser testada e os servidores também. Vamos começar pela unidade que tivemos mais óbitos”, explicou o coronel.
Nesta quarta-feira (10), equipes da Secretaria de Saúde e do Instituto Butantan vão visitar a unidade prisional para montar os locais de testagem . O secretário informou ainda que o cronograma das testagens vai seguir o fluxo de onde tiver mais suspeitas e óbitos.
Questionado sobre em quanto tempo o Estado vai conseguir testar todos os presídios, o coronel Nivaldo Cesar esclareceu que ainda não há um prazo específico, mas afirmou que quem estiver da porta para dentro das unidades será testado.
“São 35 mil servidores e terceirizados também, além dos 221 mil presos nas 176 unidades prisionais. Vamos buscar essa estimativa para informar o prazo final das testagens”, concluiu o secretário da Administração Penitenciária .
O secretário reiterou que a medida está sendo tomada "após inúmeras fases de planejamento por critérios técnicos e não por qualquer tipo de pressão externa", acrescentou.
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De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária, em seu último balanço, há 62 presos confirmados com a Covid-19, desses, 12 faleceram. "83 presos estão isolados preventivamente com suspeita não confirmada da doença no estado”, diz nota enviada ao portal iG.
“Nos casos suspeitos entre os presos, o paciente é isolado e a Vigilância Epidemiológica local é contatada. Os servidores em contato com o paciente devem usar mecanismos de proteção padrão , como máscaras e luvas descartáveis. Se confirmado o diagnóstico, além de continuar seguindo os procedimentos indicados, o preso será mantido em isolamento na enfermaria durante todo o período de tratamento", informa a secretaria por nota.
O órgão informou ainda que há 149 servidores confirmados com o novo coronavírus e desses, 14 faleceram.
“Todo servidor com suspeita de diagnóstico está devidamente afastado sob medidas de isolamento em sua residência, conforme orientações do Comitê de Contingência do Coronavírus e a Secretaria acompanha seu quadro clínico, fornecendo todo o suporte necessário para sua recuperação. 161 servidores estão afastados preventivamente com suspeita não confirmada da doença no Estado”.
Entenda o caso
O Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do estado de São Paulo) classificou como “mentirosa” a resposta do governador João Doria sobre os testes rápidos no sistema prisional. Questionado na segunda-feira (8) se a testagem em massa estaria sendo realizada no sistema carcecário, o psdbista afirmou que “estava em curso”.
“Em relação ao sistema prisional, a orientação governo do estado, através da Secretaria da Saúde foi exatamente de priorizar o sistema prisional , os agentes e também aqueles que estão cumprindo pena. Isso está em curso, os testes estão sendo feitos”, declarou o governador de São Paulo.
Em entrevista ao iG, Fábio César Ferreira, presidente do Sifuspesp, explicou que dos 70 mil testes anunciados pelo governo do estado para a área da segurança pública, nenhum chegou em massa ao sistema carcerário. A categoria reivindica a testagem desde o mês de março, antes do início da quarentena.
“É a invisibilidade social porque o sistema carcerário é sempre lembrado por último. Se no Brasil não tem pena de morte, é dever do estado cuidar dos presos. também dos servidores, nossa luta é pela vida”, alega Fábio.