Caso Ágatha Félix: policial apontado como autor do disparo é absolvido pela Justiça

Ágatha tinha 8 anos quando foi baleada no Complexo do Alemão (RJ), em 2019; PM que disparou a arma foi a júri popular

Agatha Félix foi baleada dentro de uma kombi, em 2019, e não resistiu
Foto: Reprodução/redes sociais
Agatha Félix foi baleada dentro de uma kombi, em 2019, e não resistiu


O policial militar Rodrigo José de Matos Soares , apontado como autor do disparo de  fuzil que atingiu as costas da menina Ágatha Vitória Sales Félix , de 8 anos, foi absolvido das acusações por um  júri popular na madrugada deste sábado (9). A criança estava com a mãe dentro de uma Kombi na Comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão ( RJ ), quando foi baleada e morreu. Caso aconteceu em 2019

O júri popular , composto por cinco homens e duas mulheres, entendeu que o  PM foi o autor dos disparos, mas que não tinha intenção de matar a menina. Essa tese era defendida pela defesa do acusado durante o julgamento.

O julgamento começou no início da tarde desta sexta-feira (8) pelo 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, no Centro da cidade, e durou mais de 12 horas. O primeiro depoimento do dia foi de Vanessa Sales, mãe de Agatha Félix. Ela se emocionou muito ao lembrar como foi o momento em que a filha foi atingida.

"Eu não estava entendendo. Aconteceu um barulho que parecia uma bomba e ela gritando 'mãe, mãe, mãe'. Eu falando 'filha, calma'. E até hoje quando eu chego em casa e tenho aquele sentimento assim de que tá faltando", contou.

Os investigadores concluíram que o policial atirou ao confundir uma “esquadria de alumínio” carregada pelo garupa de uma moto com uma arma. A família da vítima contesta essa versão.

A leitura da decisão que absolveu o PM gerou revolta e muita comoção nos familiares que acompanhavam. "Eu tô com ódio, com ódio", esbravejou uma tia da menina.

O caso

Segundo as investigações, a criança de 8 anos estava retornando para casa quando foi baleada por um tiro de fuzil em uma kombi. Rodrigo alegou que agiu em legítima defesa, afirmando ter visto dois criminosos armados. Mas, de acordo com testemunhas, o policial confundiu essas duas pessoas com traficantes e efetuou o disparo de forma indevida.

Segundo a investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), a versão apresentada pelo agente após o crime foi contestada pela perícia feita no local. Soares e um colega de serviço alegaram que foram atacados por uma dupla que passou de motocicleta atirando.

Para a Polícia Civil, não ocorreu confronto nem havia outras pessoas armadas no momento do crime. Os homens que passavam de moto com objeto de alumínio foram confundidos com bandidos e alvo de tiros dos PMs.


A investigação apontou que um dos tiros disparados pelo cabo Soares ricocheteou num poste, entrou pela traseira da Kombi onde a criança estava, rasgou o forro do assento e atingiu a menina.

Em 2019, Rodrigo José foi denunciado pelo Ministério Público do Estado ( MPRJ ) pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.

** Formado em jornalismo pela UFF, em quatro anos de experiência já escreveu sobre aplicativos, política, setor ferroviário, economia, educação, animais, esportes e saúde. Repórter de Último Segundo no iG.