Facção Povo de Israel chega a 18 mil presos no Rio, superando outras mais antigas

Grupo golpes de falso sequestro e supera outras facções e intensifica tráfico de drogas e crimes dentro dos presídios

Celulares encontrados em quentinhas - Povo de Israel
Foto: divulgação Polícia
Celulares encontrados em quentinhas - Povo de Israel

Uma facção que surgiu há mais de uma década nas prisões do Rio de Janeiro já conta com 18 mil integrantes , representando cerca de 42% da população carcerária do estado. Conhecido como Povo de Israel (PVI) , o grupo se especializou em aplicar golpes de falso sequestro e agora supera em número outras facções, como o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro .

Relatórios de inteligência da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), obtidos pelo jornal EXTRA, revelam que o grupo tem desenvolvido operações complexas, incluindo o transporte de drogas e celulares através de quentinhas enviadas aos detentos.

No ano passado, um agente penitenciário no presídio Nelson Hungria percebeu irregularidades durante uma revista de quentinhas. Após inspeção, foram encontrados aproximadamente 20 kg de maconha e cocaína, além de 71 celulares, 19 chips, 96 carregadores e 3 balanças de precisão. O motorista da van confessou que os itens eram coletados de um caminhão que distribuía para o presídio.

Estrutura e Operações da Facção Investigações da Polícia Civil apontam que o Povo de Israel movimentou cerca de R$ 67 milhões em dois anos apenas com golpes telefônicos. O grupo não só ameaça comerciantes e moradores em áreas de domínio de outras facções, mas também força as vítimas a transferirem dinheiro para contas de terceiros. Os lucros dos golpes são divididos em quatro partes: 30% para o “empresário” que controla o celular, 30% para o “ladrão” que executa o golpe, 30% para o “laranja” que recebe o dinheiro e o restante para o caixa comum do PVI.

Relatórios da Seap indicam que até o final de 2022, o tráfico do Povo de Israel era limitado a pequenas quantidades dentro do sistema prisional. No entanto, desde o ano passado, o grupo firmou parcerias com grandes fornecedores, ampliando significativamente suas operações de tráfico.

Em resposta ao aumento das atividades ilícitas, a Seap informou que intensificou suas ações para combater o crime organizado dentro dos presídios, especialmente em unidades consideradas neutras.

“A Secretaria acrescenta que, entre os servidores citados, dois deles já respondem a processos administrativos disciplinares (PAD) e um deles se encontra preso. Sobre o episódio envolvendo uma tentativa de ingressar no presídio Nelson Hungria com celulares em uma quentinha, foi verificado que a ação partiu exclusivamente dos servidores envolvidos, tendo sido descartada a participação da empresa fornecedora de alimentação para a unidade prisional”, explica a Seap.

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