Diploma de biomédica que assinou laudos de órgãos com HIV pode ser falso, diz faculdade

Laboratório diz que mulher apresentou diploma de biomedicina em contratação; mulher nega que tenha feito, assim como faculdade nega ter emitido

Ao todo, seis pacientes que receberam órgãos desses doadores foram infectados pelo HIV. Os órgãos afetados foram coração, rins e fígado.
Foto: Reprodução: Flipar
Ao todo, seis pacientes que receberam órgãos desses doadores foram infectados pelo HIV. Os órgãos afetados foram coração, rins e fígado.


Jacqueline Iris Bacellar de Assis , 36 anos, teria sido responsável por assinar laudos dos exames de sangue no PSC Lab , investigado por emitir exames com falso com negativo para HIV que levaram à contaminação de transplantados. A faculdade na qual ela afirma ter se formado, porém, não reconheceu o diploma dela.

De acordo com o laboratório, a mulher, ao ser contratada, apresentou um diploma de biomedicina da Faculdade Unopar, do grupo Anhanguera. A faculdade, no entanto, negou ter emitido o diploma. As informações são da Folha de S. Paulo.

Jacqueline também disse que ela não entregou o diploma. 

Diploma e laudos falsos?

O PCS Labs disse que Jacqueline, ao ser contratada, “informou ao laboratório diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia clínica,” e mostrou o print da conversa de agosto de 2024 na qual a mulher supostamente enviou o documento.

A faculdade disse à  Folha que “não emitiu certificado de conclusão de curso de graduação, de qualquer natureza, para Jacqueline Iris Bacellar de Assis.”

A mulher, por meio dos advogados, diz que nunca apresentou tal diploma e “jamais trabalhou como biomédica,” além de afirmar que “jamais cursou ou tem a faculdade de biomedicina” e “não tem capacidade técnica e nunca teve interesse na função.”

“Laranja” do laboratório

Ao jornal, a mulher disse que o laboratório usava o nome dela como “laranja”, e assinava documentos com o nome dela mesmo sem ela ter esse poder legal. 

“O que eu fazia em relação a esses laudos era uma conferência para verificar se estava tudo digitado corretamente, se pontuação estava certa [...] Fazia uma conferência antes de enviar para os médicos liberarem.”

Jacqueline tem mandado de prisão e segue foragida. O advogado dela disse, no entanto, que ela se entregaria ainda na segunda-feira (10).