Veja como cabo da Marinha ajudou Comando Vermelho a armar drones com granada no Rio

Rian Maurício Tavares Mota foi preso no Rio de Janeiro enquanto trabalhava no quartel

Rian Maurício Tavares Mota
Foto: Reprodução
Rian Maurício Tavares Mota


Rian Maurício Tavares Mota , cabo da Marinha do Brasil , foi preso nesta semana dentro do quartel da Força de Superfície , em Niterói , acusado de colaborar com traficantes do Comando Vermelho . Investigações da Polícia Federal revelam que o militar ajudou a facção criminosa a planejar ataques com o uso de drones, adaptados para lançar granadas, contra grupos rivais na Zona Norte do Rio de Janeiro .

A operação criminosa, segundo a PF, se inspirava em táticas usadas na guerra na Ucrânia , e as investigações apontam que os traficantes estão investindo em tecnologia para aprimorar o uso desses equipamentos. Em um dos áudios interceptados, Rian detalha o funcionamento do dispositivo necessário para acoplar granadas aos drones. "Nós precisamos comprar o dispensador, chefe. É um dispositivo que bota no drone, que ele libera a granada, entendeu?", explica ele.

O interlocutor era Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe do Comando Vermelho, que responde: "Demorou. Só vê a granada que nós coloca. Já é, vamos fazer o teste". Essas conversas mostraram que Rian não só fornecia instruções, mas também coordenava operações e monitorava o movimento de milicianos e traficantes rivais. “Só falta a ação. Nossos caras têm que tá lá antes dos caras brotar. Não é depois”, ele afirma em outro áudio interceptado.

Com formação militar de alto nível, Rian havia passado por um dos cursos mais rigorosos da Marinha e estava se especializando em tiros de longa distância. O delegado da PF, Pedro Manoel Duran Filho, destacou a preocupação com o nível de conhecimento do militar. “Preocupa porque a gente tem de um lado um indivíduo muito bem qualificado, com conhecimento militar, e de outro, uma facção criminosa que aparentemente não tem limites no Rio de Janeiro”, afirmou.

Rian morava no Complexo da Penha, dominado pela facção de Doca, e mantinha em sua casa um bunker subterrâneo, equipado para que pudesse se esconder por longos períodos. A PF encontrou também registros de que ele monitorava as operações policiais e alertava os traficantes sobre movimentações, orientando fugas. “Visão meus amigos. Realmente é o caveirão que está na BR... os cana tá tudo encapuzado, tudo de touca ninja”, relata ele em um áudio, explicando como ajudou Doca a escapar de uma operação.

A investigação indica que o uso de drones armados já se espalhou por diversas facções do Rio de Janeiro, e as forças de segurança foram alertadas sobre a nova ameaça. "Agora o policial tem que se preocupar com a granada que está caindo do céu”, comentou o delegado.

A prisão de Rian foi facilitada por um erro do próprio militar. Em um vídeo encontrado no material apreendido, ele aparece refletido na tela do controle remoto do drone, o que foi fundamental para sua identificação. Mesmo diante da possibilidade de ser preso, ele havia demonstrado confiança em áudios interceptados. “Se Deus quiser, vou continuar com a minha vida normal, tá? Valeu”, disse ele.