Rio: megaoperação em comunidades dominadas pelo CV deixa sete mortos

Operação conjunta das polícias Militar e Civil tem o objetivo de prender os chefes do Comando Vermelho, responsáveis pelas recentes disputas por territórios

Na Cidade de Deus, equipes policiais estão removendo barricadas em chamas dos acessos à comunidade.
Foto: Reprodução/Redes Sociais (@PMERJ)
Na Cidade de Deus, equipes policiais estão removendo barricadas em chamas dos acessos à comunidade.

A Polícia Militar e a Polícia Civil deflagraram, nesta terça-feira (27), uma megaoperação que tem como alvo as comunidades do Rio de Janeiro dominadas pelo Comando Vermelho (CV), a maior facção do estado.

Até o momento, entre os suspeitos, sete foram mortos, quatro ficaram feridos e cinco foram detidos. 

Entre os agentes da polícia, dois ficaram feridos. Um policial do Bope foi atingido no braço durante operação na Penha e um policial do 3º BPM foi ferido por estilhaços. Ambos foram socorridos e estão estáveis.

Agentes, incluindo os do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), tinham ido para as seguintes comunidades:

  • Complexo da Maré, na Zona Norte;
  • Complexo do Alemão, na Zona Norte;
  • Complexo da Penha, na Zona Norte;
  • Juramento, Juramentinho e Ipase, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte;
  • Flexal, em Inhaúma, na Zona Norte;
  • Guaporé, Tinta e Quitungo, em Brás de Pina e Cordovil, na Zona Norte;
  • Cidade de Deus, na Zona Oeste.

O objetivo da força-tarefa é prender os chefes do CV que atuaram nas recentes disputas por territórios na Zona Oeste do Rio. Um dos alvos é Edgar Alves de Andrade, o Doca.

A polícia apreendeu três pistolas, cinco fuzis, rádios comunicadores, munições, um colete à prova de balas, dois carros e drogas. Dois adolescentes também foram apreendidos na Comunidade do Quitungo.

Além disso, a PM localizou e destruiu um acampamento usado por criminosos em uma área de mata do Alemão.


4 mortos em cerco e 3 mortos em confronto

Logo no início da operação, durante a madrugada, suspeitos atearam fogo a barricadas para impedir o avanço da PM.


No mesmo momento, a polícia fez cercos nas comunidades para tentar conter os criminosos. As equipes do 21º BPM confrontaram os suspeitos que saíam do Complexo da Penha, em um carro roubado, com destino à comunidade do Trio de Ouro, no Centro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Quatro suspeitos que tentaram sair morreram durante o confronto com os militares em Meriti. Dois deles são conhecidos como Tomate e Gato e atuam nas comunidades do Chapadão e do Gogó da Ema, em Costa Barros, também na Zona Norte.

Outros quatro suspeitos foram atingidos em confronto com policiais na Comunidade da Flexal. Destes, três morreram e um ficou ferido.

Houve outra troca de tiros na comunidade Nova Brasília, no Alemão, desta vez contra o Bope. Três suspeitos foram atingidos e socorridos.

Milhares de alunos ficaram sem aula

A megaoperação afetou o funcionamento de diversos setores das comunidades. Mais de 50 escolas das comunidades suspenderam as aulas:

  • 16 escolas municipais no Complexo da Penha, afetando 4.894 alunos;
  • 20 escolas municipais no Complexo do Alemão, afetando 7.185 alunos;
  • 24 escolas no Complexo da Maré, afetando 8.140 alunos;
  • 2 escolas no Morro do Trem, afetando 342 alunos.

Linhas de ônibus impactadas

Segundo o Rio Ônibus, 15 linhas municipais deixaram de circular na manhã desta terça, já que a garagem da Viação Nossa Senhora de Lourdes, na Penha, está localizada na linha de tiro. Com isso, 130 mil usuários são impactados, de acordo com a entidade. 

"Com a garagem da Viação N. Sra. De Lourdes em meio ao tiroteio e diferentes operações policiais realizadas na cidade, 130 mil usuários de 15 linhas de ônibus tiveram seu direito de ir e vir comprometidos nesta manhã. O Rio Ônibus repudia mais um episódio de violência urbana que afeta a vida de passageiros e rodoviários. A recorrência dos casos reforça o apelo para que as autoridades competentes atuem em prol de garantir a segurança da população carioca", afirmou, em nota.