O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera, abriu nesta quarta-feira (21) o encontro dos chanceleres do G20. A reunião, que acontece no Rio de Janeiro, reúne os representantes da maiores economias do mundo. O evento termina na próxima quinta-feira (22). É esperado que seja discutido a reforma de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo Mauro Vieira, o Brasil não concorda que as diferenças do mundo sejam resolvidas através da força militar, e afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) está paralisada. "Nossas posições sobre os casos ora em discussão no G20, em particular a situação na Ucrânia e na Palestina, são bem conhecidas e foram apresentadas publicamente nos foros apropriados, como o Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral da ONU".
Vieira criticou o orçamento militar, comparando com o valor que é destinado em assistência: "Não é minimamente razoável que o mundo ultrapasse - e muito – a marca de US$ 2 trilhões em gastos militares a cada ano. A título de comparação, os programas de ajuda da Assistência Oficial ao Desenvolvimento permanecem estagnados em torno de US$ 60 bilhões por ano – menos de 3% dos gastos militares".
Segundo o ministro, faltam ações concretas para resolver os problemas de desigualdade e das mudanças climáticas. "Os casos bem-sucedidos de cooperação pacífica da América Latina, África, Sudeste Asiático e Oceania fazem com que as vozes dessas regiões devam ser ouvidas nos foros relevantes com especial cuidado e atenção".
Ele completa pedindo para os países rejeitarem publicamente "o uso da força, a intimidação, as sanções unilaterais, a espionagem, a manipulação em massa de mídias sociais e quaisquer outras medidas incompatíveis com o espírito e as regras do multilateralismo como meio de lidar com as relações internacionais".
O discurso de Vieira surgem em um momento de tensões diplomáticas entre o Brasil e Israel, após a fala do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma entrevista, ele comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto.
Encontro
Os dois dias de reunião deverá discutir temas como o combate à fome e a transição energética, sendo como uma prévia dos assuntos que virão a ser discutidos em novembro, no encontro dos chefes de Estados do G20 no Rio de Janeiro.
O encontro desta quarta-feira conta com a presença do:
- Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira;
- Ministro de Estado das Relações Exteriores da Índia, Vellamvelly Muraleedharan;
- Ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor;
- Comissário de Comércio e Indústria da União Africana, Albert M. Muchanga;
- Ministra das Relações Exteriores da Agentina, Diana Mondino;
- Ministra das Finanças, Ministra das Mulheres e Ministra do Serviço Público da Austrália, Katy Gallagher;
- Ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly;
- Vice-Ministro Executivo das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu;
- Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell;
- Ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné;
- Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock;
- Ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Lestari Priansari Marsudi;
- Vice-Ministro das Relações Exteriores da Itália, Edmondo Cirielli;
- Ministra das Relações Exteriores do Japão, Yōko Kamikawa;
- Ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena;
- Ministro das Relações Exteriores da Coréia do Sul, Cho Tae-yul;
- Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov;
- Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan Al-Saud;
- Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan;
- Secretário de Estado das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron;
- Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.