Os comerciantes da Zona Oeste do Rio de Janeiro fecharam na tarde desta terça-feira (24), por medo de que novos ataques de milicianos aconteçam na região. A medida ocorreu nos bairros de Campo Grande, Bangu e Santa Cruz, locais onde na última segunda-feira (23) foi palco de ataques, com cerca de 35 ônibus incendiados.
Segundo os lojistas da região, a justificativa é o medo que novos ataques e ameaças sejam feitos nesta terça-feira. Hoje, o integrante da milícia, Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, será enterrado, o que poderia motivar novos ataques.
Faustão era sobrinho do atual chefe da milícia da região, o Zinho . Ele foi morto na última segunda-feira, na comunidade Três Pontes. O membro da milícia era apontado como o número dois na hierarquia do grupo criminoso, e foi morto em uma troca de tiros com a Polícia Civil.
Após a morte de Faustão, o grupo realizou ataques na Zona Oeste do Rio de Janeiro, queimando ao menos 35 ônibus e 1 trem . Segundo a Rio Ônibus, esse foi o ataque com o maior número de coletivos incendiados na história do Rio de Janeiro.
Além dos comerciantes, 12 unidades municipais de saúde fecharam. Segundo a nota da Secretaria de Saúde do Rio, as "12 unidades localizadas na região de Santa Cruz tiveram que ser fechadas e 16 suspenderam as visitas domiciliares nesta manhã, devido a barricadas colocadas nas ruas e ameaças aos profissionais".
Com o fechamento dos centros de saúde, a Prefeitura do Rio estima que 7 mil pessoas ficaram sem atendimentos apenas na manhã desta terça-feira. Elas permaneceram fechadas também no período da tarde.
A Secretaria Estadual de Saúde, por sua vez, afirmou que as unidades de saúde estaduais da Zona Oeste seguem funcionando normalmente.
Escolas da rede municipal também suspenderam as aulas presenciais, sendo aplicado o ensino remoto nesta terça-feira. 24 escolas não abriram na Zona Oeste, afetando 10.536 alunos da rede municipal, segundo a Secretaria Municipal de Educação.
No transporte, os ataques também afetaram às pessoas que pegam trens na região. A Supervia informou que os funcionários seguem realizando "manutenção corretiva". Isso motivou a circulação irregular dos trens do ramal Santa Cruz.