Em entrevista ao GLOBO, Extra, Valor e CBN, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), candidato ao governo do Rio, rebateu as críticas de Rodrigo Neves (PDT) feitas na sabatina de segunda-feira sobre sua mudança de postura e opinião em assuntos como a liberação das drogas.
"Não fui eu que mudei, foi o Brasil que mudou. O que mudou não foi minha foto, foi a foto do Brasil. Nós temos um presidente da República que manda jornalista calar a boca, que ameaça instituições. A gente precisa ter responsabilidade com essa mudança. Não podemos fazer a mesma coisa, porque não foi suficiente", justifica Freixo, acrescentando que não foi uma mudança de discurso, mas de opinião.
"Essa mudança passa por eu ter conseguido, ao longo de um ano e meio, conseguido conversar com as mulheres pobres, conversas com as mães, conversar com as pessoas que vivem em um lugar onde tem droga, tem arma e tem morte. Isso passa pela capacidade de escutar as pessoas e sim, mudar de opinião".
"Não podemos confundir matança com segurança"
Questionado sobre a flexibilização do seu discurso em relação à segurança pública e, consequentemente, à legalização das drogas, Freixo reafirmou que a mudança de opinião se deve à escuta de pessoas que vivem a realidade dos confrontos em comunidade:
"Mudei de opinião, mas sem incoerência. É necessário mudar a estrutura da polícia. Isto cabe ao governador. Não podemos confundir matança com segurança. Cabe ao governador não permitir chacinas. Hoje o Rio tem 8 mil policiais civis, mas o déficit é de 15 mil. Um policial ganha 12 reais de vale refeição por dia. O estado não garante plano de saúde. Armas e drogas não são produzidas na favela. Talvez, fiscalização talvez seja mais importante do que operações".
"Nós vamos cumprir o regime de recuperação fiscal"
O candidato ao governo do Rio afirmou que vai cumprir o Regime de Recuperação Fiscal com o governo federal, mas que isso não vai impedir investimentos na área social do estado.
"Nós vamos cumprir e vamos ter recuperação fiscal. (...) O Armínio Fraga tem um frase que diz que a responsabilidade fiscal tem que ser acompanhada de responsabilidade social. Vamos cumprir e pagar as contas. O Rio tem que crescer e aumentar sua receita, mas precisa de credibilidade de um governador com nova governança. A gente precisa romper ciclos de governadores presos um atrás do outro, romper com uma máfia que governa o Rio e que vem gerando um atraso enorme para o Rio de Janeiro. E nesse sentido, trazer para o Rio de Janeiro a possibilidade de novas receitas, de crescimento econômico", afirma.
Sobre os projetos para aumentar a arrecadação do Rio de Janeiro, Freixo citou a mudança de matriz energética do estado.
"Temos 80% do petróleo brasileiro e só refinamos 11%. Não exploramos a economia do gás. Precisamos de uma mudança de matriz energética, com energia eólica, solar, investir na economia criativa, no mercado de redução de carbono. Para que o Rio possa ser a capital mundial de economia climática. Esse atraso é fruto de uma máfia. Precisamos de credibilidade que vai gerar, previsibilidade, estabilidade e crescimento".
Escândalo do Ceperj
Freixo citou o escândalo do Ceperj, no qual funcionários de programas sociais relacionados ao governo recebiam pagamentos através de uma folha de pagamento secreta, com dinheiro sacado na boca do caixa, e atacou o atual governador Claudio Castro.
"Parando de roubar já melhora muito. Estamos diante dos fantasmas do Ceperj. Castro e seus aliados fizeram ser sacados mais de R$ 260 milhões na boca do caixa. Com esse valor implementaríamos uma nova política de educação. Precisamos de uma nova governança. Estamos falando de dois anos de pandemia, em que nossas crianças não aprenderam nada. Com este valor recuperamos a aprendizagem que deixamos para trás. Não digo isto por moralismo, mas a transparência promove estabilidade e credibilidade, é o que o empreendedor precisa para investir no Rio".
O candidato do PSB comentou a reportagem do GLOBO sobre Alexandre Motta de Souza, que chegou a ser preso por guardar fuzis incompletos que seriam de Ronie Lessa, denunciado como autor da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do seu motorista Anderson Gomes, e foi acusado de ser laranja do policial. Souza recebeu na boca do caixa dinheiro do Ceperj. Foram dois saques, um em junho e outro em julho, que somam R$ 5.738,80, e está na lista de mais de 27 mil fantasmas do Ceperj e que fizeram saques.
"O cara, sócio do Ronie Lessa, que foi na casa dele que se encontrou o maior número de fuzis da história de apreensões do Rio de Janeiro, é um fantasma do Ceperj, é um fantasma do Cláudio Castro", ressalta.
Nesta segunda-feira, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) abriu a série de sabatinas com os aspirantes ao Palácio Guanabara. Na quarta, será a vez do governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição. A entrevista começa às 10h30, com duração aproximada de uma hora e meia e transmissão ao vivo pela rádio CBN e também nos sites e redes sociais dos quatro veículos.
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