Além de ter sido indiciado por importunação sexual pela 12ª DP (Copacabana), o empresário Igor Monteiro Simão, de 26 anos, consta como autor de um estelionato na área da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). O rapaz — flagrado por uma câmera de segurança abordando uma menina de 14 anos no bar da cobertura do Hotel Fasano, em Ipanema, na Zona Sul da cidade — é acusado por um frentista de um posto de gasolina não ter pago R$ 200 após encher o tanque de sua BMW X5 no estabelecimento comercial com o combustível.
De acordo com o registro de ocorrência feito na 58ª DP (Posse), o funcionário, de 48 anos, trabalhava, por volta de 11h15 do dia 8 de outubro de 2010 quando o empresário chegou ao posto, localizado na Avenida das Américas. Ele abasteceu, com gasolina, totalizando R$ 200. No momento de efetuar o pagamento, seu cartão de crédito não foi autorizado ao passar na máquina e ele afirmou que voltaria no dia seguinte com o valor devido.
Ainda segundo o frentista, foi emitida uma nota em nome de Igor, mas ele não retornou para o valor do abastecimento, tampouco atendeu as ligações feitas pelo homem, que teve que arcar com o prejuízo. Depois do registro na 58ª DP, o inquérito foi remetido à 42ª DP.
No perfil do Instagram, como mostrou a coluna de Lauro Jardim, Igor mantinha até ontem a frase “Provavelmente mais rico do que ontem”, quando trocou a mensagem de apresentação para: “A verdade prevalecerá”. Na conta, os conteúdos publicados estão restritos a cerca de 380 seguidores e incluem, ao longo dessa semana, fotos dele na piscina de borda infinita do Carmel Taíba, no Ceará, para onde viajou na última segunda-feira, e dirigindo um buggy em dunas da região.
Como O GLOBO mostrou com exclusividade, Igor aparece nas imagens do Fasano de bermuda, sem camisa e descalço se aproximando e colocando as mãos na coxa de uma menina, que estava acompanhada por uma amiga, também menor de idade, na noite do último sábado, dia 30. No vídeo, ele, às 22h05, é exibido sentando em um sofá ao lado das adolescentes. O empresário conversa e gesticula e as meninas chegam a olhar para trás. Cerca de três minutos depois, um funcionário do hotel aparece nas imagens tentando afastá-lo do local.
No depoimento prestado pela vítima, na 12ª DP, Igor estava bêbado quando se sentou ao seu lado. Ela relatou que moveu as pernas para se desvencilhar e afirmou ter dito a ele que é menor de idade. O rapaz, no entanto, teria continuado com as insinuações, “falando com o rosto cada vez mais próximo”, “como se pretendesse beijar as amigas” e elogiando que eram “muito bonitas”.
Em certo momento, contou a menina, o empresário perguntou se poderia ficar mais perto delas, embora já estivesse bem próximo. Segundo a vítima, ao perceber a situação, um garçom advertiu Igor, que o empurrou e ameaçou com as seguintes palavras: "Você sabe quem eu sou?". O rapaz é filho de um dos 67 cotistas — uma espécie de investidor com regalias — do Hotel Fasano.
Também na delegacia, a adolescente afirmou que aproveitou a intervenção para deixar o local. Ao chegar no quarto onde estavam hospedadas, sob cuidados do pai de sua amiga, um empresário paulista, ambas relataram o ocorrido. A polícia foi acionada na sequência.
Segundo o registro de ocorrência, inspetores estiveram no local por volta das 23h50. Apuraram que o suspeito estava na condição de convidado e podia usufruir dos serviços da cobertura — piscina e bar. Igor, no entanto, não foi encontrado no hotel. Policiais militares foram até o condomínio onde ele mora, no Recreio, na Zona Oeste do Rio, e aguardaram para prendê-lo em flagrante. Acreditam, no entanto, que ele fugiu em uma BMW que deixou o local por volta das 5h40.
A delegada Débora Rodrigues, da 12ª DP, pediu a prisão preventiva do empresário pela "garantia da ordem pública”, justificando que ele "atrapalhou as diligências na demora da entrega das imagens, as quais "estão com falhas". O Ministério Público, no entanto, se manifestou contrário à medida. A promotora Luciana Gouvêa argumentou que, como as vítimas moram em outro estado, é "improvável" que o indiciado "exerça algum tipo de influência". Ela foi a favor do pedido para que ele seja impedido de deixar o país. A juíza Luciana Halbritter acolheu a argumentação e indeferiu o pedido de prisão.
Ao GLOBO, o Fasano Rio afirmou que "agiu com firmeza e dentro dos limites da lei para coibir atitudes inoportunas de um cliente" e que "um funcionário pediu reiteradas vezes para que o cliente deixasse o hotel, não sendo atendido". Disse ainda que "o cliente chegou a ameaçar o funcionário e a agredi-lo fisicamente".
Em nota, o hotel afirmou que "cedeu as imagens tão logo foram solicitadas por autoridade competente" e acrescenta que elas "são claras e mostram que o cliente que teve atitudes inoportunas jamais foi protegido ou ajudado por funcionários do hotel". Procurada, a defesa de Igor não se manifestou.
O advogado de Igor, Demóstenes Armando Cruz, negou que o cliente tenha “se evadido, inexistindo prisão em flagrante” e afirma que ele está “lamentavelmente consternado com ocorrido e certamente colaborará com as autoridades na busca da real primazia da verdade dos fatos”.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.