Mulher morre após atingida por tiro durante operação no Alemão

Testemunhas afirmam que disparo que vitimou Letícia veio de um PM

Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão
Foto: Reginaldo Pimenta/Agência O Dia - 21.07.2022
Movimentação de policiais durante operação no Complexo do Alemão

Um mulher morreu após ser baleada dentro de um carro em um dos acessos do Complexo do Alemão, na manhã desta quinta-feira (21). Parentes acusam um policial de fazer o disparo. Agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Polícia Militar, e Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Civil, estão realizando uma ação na região . Um PM e dois suspeitos também morreram.

A vítima, identificada como Letícia Marinho do Sales, de 50 anos, foi socorrida pelo namorado, Denilson Glória, e por Jaime da Silva, primo do casal, que a levaram até a UPA de Ramos, mas ela não resistiu aos ferimentos. Os dois também ficaram feridos com os disparos.

De acordo com Jaime, a vítima foi atingida em um momento em que não havia confronto na região. "Ela foi morta pelos policiais despreparados, desqualificados. Não tinha bandido, não estava tendo tiroteio na rua principal. Nós fomos alvejados. Tinha um carro emparelhando com a gente e nós tivemos que respeitar o sinal. Tinha um policial militar em uma blazer e a policial militar que estava em outro carro, levantou a pistola, com o brasão da corporação deles aparecendo. Mesmo assim, eles deram um tiro numa mulher trabalhadora, que está lá morta por um despreparo policial", diz o homem.

Denilson contou que saía da casa da tia, onde tomou café junto com a namorada, e estava a caminho do trabalho quando Letícia foi atingida.

"Não não estava havendo confronto na hora, até porque essa rua [Estrada do Itararé] é aqui fora, é rua principal, não é dentro da comunidade. A gente saiu, parou no sinal, estava tranquilo parado e simplesmente alvejaram o carro. Alvejaram pra matar mesmo. Tiro foi no retrovisor e bateu no peito dela. Eu mesmo que socorri ela. Peguei meu carro, fui para o UPA e em poucos minutos ela morreu", disse o homem.

Uma terceira testemunha, que atua como moto táxi na região, afirma ter visto toda a cena do crime que vitimou Letícia.

"Pararam dois carros no sinal, um saiu dando tiro para cima do outro e foi embora, eu me escondi no moto táxi porque os tiros podiam pegar aqui. Isso é covardia, a PM não sabe nem fazer uma abordagem tranquila, mataram a mulher, ela tomou um tiro no peito", relatou.

O homem que acompanhava Letícia e seu namorado, em seu relato, ainda afirmou que os disparos contra o veículo foram feitos com a intenção de matar quem estava do lado de dentro. "O tiro foi dado para matar, foi de propósito, a policial atravessou na frente do nosso carro e deu um tiro. E agora, o que eu vão falar para a família lá dentro [da UPA] chorando? O que eu vou dizer para a filha da mulher? Que por causa da desqualificação dos policiais despreparados, outra inocente levou um tiro no peito?", indagou.

Agentes do Bope e do Core realizam na manhã desta quinta-feira uma operação no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Um policial militar morreu durante a ação. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Fazendinha, localizada na região, foi alvo de ataques de criminosos.

A Polícia Militar informou que suspeitos de integrarem o tráfico de drogas no complexo colocaram fogo em barricadas, jogaram óleo na via e atacaram policiais que atuam na operação para tentar impedir a entrada e circulação no local. Desde o início da manhã, o confronto entre policiais e criminosos é constante.

De acordo com moradores, os disparos no Alemão começaram no fim da madrugada. Ainda foi registrado a presença de helicópteros sobrevoando a região. Um vídeo mostrou um blindado pelas ruas do local.

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