Desde que o Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante por estupro durante um parto no último domingo , os pais têm ido até o local em que ele morava sozinho de aluguel na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, para desocupar o imóvel. Sempre cedo, entre 6h e 7h, eles chegam com um semblante sério e saem sem falar com ninguém. O pedido para liberar o apartamento o mais rápido possível veio do proprietário, que ficou chocado com o crime.
De acordo com pessoas do convívio de Giovanni Bezerra, ele era uma pessoa extremamente reservada e não costumava conversar com ninguém . Mas uma coisa era frequente na vida dele e de conhecimento de todos: todo dia ele ia para a academia que fica ao lado do prédio em que morava.
"Era extremamente vaidoso, às vezes ficava na academia até o último horário. Treinava com um personal trainer e nunca batia papo com mais ninguém", comentou X., que não quis se identificar.
Uma outra pessoa da vizinhança comentou como os moradores e frequentadores da academia reagiram ao saber do crime cometido pelo anestesista.
"Todos ficaram chocados. A gente via o Giovanni diariamente. É bem estranho pensar que ele fez aquilo. Ele parecia normal", relatou Y., que também preferiu não se identificar na reportagem.
De acordo com pessoas ouvidas pelo GLOBO, falar sobre o médico preso é difícil porque ele nunca deu abertura para ninguém se aproximar. O anestesista não tinha o hábito de receber amigos em seu apartamento, mas costumava estar acompanhado de mulheres. Na busca por encontrar motivos que pudessem justificar os atos de Giovanni, eles não encontram nada.
"Ele era rico, tinha uma condição boa, uma namorada linda. Ele tinha tudo, não dá pra entender", desabafa X.
A família de Giovanni também mora na Barra da Tijuca. Os pais são separados e, aparentemente, estão sem chão com o escândalo. O pai é médico, tem 41 anos de carreira e é dono de uma clínica de ginecologia. Nesta quarta-feira (13), o estabelecimento, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, estava fechado. A equipe do GLOBO não conseguiu contato com a família.
Investigação em hospitais
Giovanni Bezerra atuou em pelo menos dez hospitais públicos e privados. Os hospitais Copa Star e Barra D’Or, Rio Mar e Balbino informaram ao GLOBO que o cadastro de Giovanni como médico assistente está suspenso até ser concluído o inquérito policial. A Unimed-Rio informou que vetou qualquer possibilidade de atuação do médico em suas unidades.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que Bezerra prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas e que as unidades estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações.
O Hospital de Clínicas Mário Lioni decidiu pelo cancelamento imediato do credenciamento de Giovanni como prestador de serviços na unidade.
O GLOBO questionou se os hospitais particulares preveem a abertura de uma sindicância para apurar as cirurgias em que o médico anestesista preso por estupro participou, mas ainda não obteve resposta.
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