Caso Henry: juíza nega pedido para novos depoimentos de médicos

Em audiência, perito contratado por ex-vereador disse que menino chegou vivo ao hospital e sugeriu que ele teria sido morto durante procedimentos de reanimação

Ex-vereador acusado de matar enteado, o menino Henry
Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
Ex-vereador acusado de matar enteado, o menino Henry

A juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, negou os pedidos da defesa do médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho, para que os responsáveis pelo atendimento de seu enteado, Henry Borel Medeiros, no Hospital Barra D’Or, prestassem novos depoimentos.

As diligências foram requeridas após o depoimento do assistente técnico Sami El Jundi, contratado pelo ex-parlamentar, na semana passada.

Durante a continuação da audiência de instrução e julgamento do processo em ele que é réu com a ex-namorada, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, por torturas e pela morte do menino, o perito afirmou que a criança chegou viva na unidade de saúde e sugeriu que ela pode ter sido morta durante os procedimentos de reanimação realizados na unidade de saúde, na madrugada de 8 de março de 2021.

Em seu despacho, a magistrada argumenta que “o que pretende a defesa do réu Jairo com a reabertura da instrução processual, não apenas surge desnecessário diante dos extensos esclarecimentos prestados na última audiência, aí incluídas as várias hipóteses levantadas pelo assistente indicado pela mesma defesa, como também se presta a desvirtuar o propósito da produção da prova da materialidade, contra a qual se insurge a defesa (…)”

Na mesma decisão, Elizabeth Machado Louro também indefere os pedidos para prestarem depoimentos os médicos Antônio Mendes Birasoli Júnior e Gabriela Graça e ainda dois técnicos de necropsia. Enquanto o primeiro, radiologista, foi o responsável por realizar um raio-x no corpo de Henry naquela madrugada, a segunda, legista, participou da elaboração de laudos periciais no inquérito da Polícia Civil que concluiu pelo indiciamento do casal pelos crimes. Os demais teriam auxiliado o perito Leonardo Huber Tauil, que atestou que o menino sofreu hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente.

Na sessão, Claudio Dalledone e Flávia Fróes argumentaram, após a apresentação de um novo raio-x realizado em Henry que atestaria, segundo eles, um pneumotórax bilateral, que outro depoimento das médicas tornou-se “imprescindível”. Os advogados alegaram que Leonardo Huber Tauil, que respondeu a questionamentos no plenário durante mais de quatro horas, disse estar impossibilitado de “prestar quaisquer esclarecimentos sobre o laudo radiológico em questão”. 


Na última segunda-feira, a defesa de Jairinho protocolou nova petição no processo reafirmando a necessidade das “reinquirições de testemunhas pelo surgimento de fatos novos”. No documento, os advogados ainda apontam “gritantes evidências de falsa perícia que pesam contra o legisla oficial” e citam supostas contradições e omissões apresentadas durante o depoimento do médico do Instituto Médico-Legal (IML).


Na próxima segunda-feira, Jairinho será interrogado, também no plenário do II Tribunal do Júri. Ele acompanhou a última audiência, através de videoconferência, do Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, conhecido como Bangu 8, onde cumpre prisão preventiva. Já Monique foi solta, no início de abril, e está com monitoramento eletrônico.

Durante os depoimentos, houve discussões envolvendo advogados, promotores e até a juíza. Em uma das ocasiões, Elizabeth Machado Louro, após ser interpelada, prometeu que retiraria Claudio Dalledone do plenário caso ele a interrompesse novamente nas perguntas que estavam sendo feitas por ela ao perito. Em outra, o advogado de Jairinho e Cristiano Medina da Rocha, que representa o engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry, precisaram ser separados por policiais militares que faziam a segurança do local.

No próximo dia 13, Jairinho será interrogado, também no plenário do II Tribunal do Júri. Ele acompanhou a audiência ontem, através de videoconferência, do Presídio Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo de Gericinó, conhecido como Bangu 8, onde cumpre prisão preventiva. Já Monique foi solta, no início de abril, e está com monitoramento eletrônico.

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