Melhor cidade é aquela em que pessoas fazem o extraordinário

Pesquisadora faz análise de evento na Holanda que discutiu temas como urbanismo e sociedade

A edição deste ano do PICNIC foi focada em Espaços Urbanos. O PICNIC, pra quem não sabe, é um evento holandês que reúne realizadores e interessados do mundo inteiro para explorar novas ideias e soluções para desafios atuais, como este sobre pensar as cidades.

Uma coisa interessante do evento é a apresentação de ideias opostas, possivelmente para incitar o visitante a pensar e desenvolver seu próprio raciocínio sobre cada tema proposto. Uma contraposição que aconteceu durante todos os dias foram as smart cities , cidades planejadas para um rendimento maior em diversas áreas, e os aspectos orgânicos da vivência urbana.

Foto: Mari Messias
O evento aconteceu na Holanda entre os dias 14 e 16

Para gente como Maarten Hajer (Diretor da Agência de Avaliação Ambiental da Holanda), por exemplo, deveríamos prestar mais atenção nos ambientes urbanos existentes porque, do contrário, eles poderão se transformar em grandes pesadelos.

Já Tim Campbell (Presidente do Conselho do Urban Age Institute) acredita que uma verdadeira Smart City é a cidade onde já vivemos, orgânicas, cheias de história e onde a vizinhança é muito mais eficaz na criação de ambientes pacíficos que um sistema universal de vigilância.

A professora de Columbia, Saskia Sassen, compartilha da ideia. Ela pensa as cidades como hackers e vê toda a base da sua existência milenar no fato de serem, como nós mesmos, adaptáveis. Pra ela, uma cidade muito fechada se torna obsoleta em pouco tempo e nossas cidades reprogramam o mundo que vivemos segundo nossas necessidades, não o contrário.

O Arquiteto, designer & urbanista da NLÉ Kunlé Adeyeme traz um pensamento parecido com o de Saskia quando analisa estruturas auto-geradas de favelas africanas e cidades europeias bem estruturadas. Para ele, ambas tem uma espécie de ordem em comum.

As soluções para as cidades foram apresentadas em frentes que diziam respeito aos ambientes físicos, ao convívio urbano, as soluções sociais e tecnológicas.

Para Charles Landry (fundador da agência Comedia), um dos grandes problemas dos ambientes urbanos é o pensamento estritamente lógico e arquitetônico, que acaba resultando em infernos relacionados aos congestionamentos, poluição e despersonalização.

Uma cidade criativa deve ser aquela que permita que pessoas comuns façam o extraordinário acontecer. E para que elas sejam assim, é necessário mais arte e “mistura”. Segundo ele, cidades são experiências sensoriais, que podem ser vividas com todos os sentidos humanos.

Mari Messias
, gerente de conteúdo da agência de pesquisa Box1824 , participa do evento mundial PicNic. Foram três dias de debates, encontros e palestras com objetivo de explorar novas soluções no espírito de co-criação em criatividade, ciência, tecnologia, mídia e negócios.

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