Ciclone raro deve causar temporais e ventos extremos no país

Sistema atípico ameaça o Sul e pode impactar Centro-Oeste e Sudeste

Ciclone
Foto: FreePik
Ciclone

Um ciclone  de características incomuns deve influenciar o tempo em uma extensa área do país ao longo de quatro dias consecutivos, com impactos previstos principalmente no Sul do Brasil, além de reflexos no Centro-Oeste e no Sudeste . As informações são da Metsul.

O cenário mais crítico será no Rio Grande do Sul, onde há previsão de tempestades severas, chuva de alto volume em curto período e ventos intensos, mantendo-se ativos por até 36 horas ininterruptas .

O fenômeno chama atenção por ocorrer em pleno período de verão meteorológico, estação em que sistemas dessa magnitude costumam se formar em latitudes mais próximas dos polos, e não sobre o território brasileiro.

Ciclone raro deve causar temporais e ventos extremos por 4 dias
Foto: EARTH NULL/METSUL O conteúdo de metsul.com está protegido por direitos autorais. É expressamente proibida a reprodução do conteúdo em todo ou em parte sem autorização prévia ou licenciamento. https://metsul.com/alerta-vermelho-poderoso-ciclone-tempestades-chuva-excessiva-e-vento-intenso/ .
Ciclone raro deve causar temporais e ventos extremos por 4 dias


Outro fator atípico é o local de origem: o ciclone deve se desenvolver sobre o continente, diferentemente da maioria desses sistemas, que se organizam no oceano. A intensidade projetada, a trajetória irregular e o ritmo lento de deslocamento reforçam o caráter excepcional do evento.

A formação começa nesta segunda-feira (8) com um centro de baixa pressão profundo sobre o nordeste da Argentina, que avançará em direção ao Rio Grande do Sul ao longo da terça (9) e da quarta-feira (10). A partir de quinta (11), o sistema tende a se deslocar gradualmente em direção ao mar, deixando o continente.

Mesmo nesse momento, ainda poderá manter influência direta sobre o litoral gaúcho.

Foto: Reprodução/O Tempo
Imagens de um ciclone


Projeções de modelos meteorológicos indicam que a pressão atmosférica no coração do ciclone poderá atingir valores entre 985 hPa e 990 hPa no território gaúcho, índices considerados extremamente baixos e pouco comuns em áreas continentais do Sul do Brasil.

Caso se confirmem, esses dados representarão os menores registros desde o furacão Catarina, em 2004, ressaltando, porém, que o sistema atual não é classificado como furacão, já que sua gênese não ocorre sobre o oceano.

Outro ponto de preocupação é a velocidade reduzida de deslocamento, o que permitirá que os efeitos severos se mantenham concentrados sobre as mesmas regiões por um período prolongado. Entre a noite desta segunda e a manhã de quinta-feira, estão previstos episódios sucessivos de chuva volumosa, instabilidade atmosférica acentuada e rajadas de vento capazes de provocar danos.

Foto: Reprodução/ NOAA / Metsul Meteorologia
Formação de ciclones extratropicais


Risco elevado de chuva excessiva

A atuação do ciclone pode resultar em volumes extremamente elevados de precipitação em áreas isoladas. O fenômeno deve alcançar os três estados do Sul e também setores localizados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro.

Não se trata de uma chuva generalizada sobre todos os municípios, mas de núcleos concentrados que podem receber acumulados severos em poucas horas.

Há estimativas de pontos específicos com marcas entre 150 mm e 300 mm em intervalos curtos. No decorrer da segunda-feira, a chuva já ganha força no Oeste do Sul do Brasil, avançando também para áreas do Centro-Oeste e do Sudeste com pancadas intensas e trovoadas.

Foto: Reprodução/ ECMWF / Metsul Meteorologia
Metsul alerta para possível ciclone extratopical no Sul do Brasil


Na terça, a precipitação tende a se espalhar de forma mais organizada pelo Sul, com risco de volumes torrenciais em curto espaço de tempo. A quarta-feira manterá instabilidade especialmente concentrada sobre o Rio Grande do Sul, sobretudo no Sul e no Leste do estado.

O calor intenso predominante nas últimas semanas amplia ainda mais a instabilidade atmosférica, aumentando o potencial para chuva extrema. Esse cenário eleva o risco de alagamentos, enxurradas, transbordamento de córregos e inundações repentinas, principalmente em áreas urbanas e regiões próximas a rios e arroios.

Temporais e possibilidade de fenômenos severos

A formação do ciclone será acompanhada por uma sequência de tempestades em vários estados. As primeiras instabilidades surgem ainda na tarde desta segunda, começando pelo Oeste do Sul e se estendendo ao Centro-Oeste e ao Sudeste.

Foto: Reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil
Ciclone trará vento em seis estados nesta segunda-feira.


A terça-feira desponta como o período mais crítico, com risco de temporais intensos, quase generalizados em parte dessas regiões, e possibilidade de formação de linhas de instabilidade avançando de Oeste para Leste.

Durante a quarta, a previsão aponta para redução gradual do número de tempestades, mas ainda com potencial para ocorrências isoladas severas, especialmente no Sul e no Sudeste. As condições de pressão muito baixa aliadas ao ar extremamente quente favorecem a formação de nuvens profundas, capazes de produzir granizo de diferentes tamanhos e rajadas violentas de vento.

Meteorologistas não descartam a formação de supercélulas, tempestades organizadas e mais perigosas, com potencial para gerar microexplosões (downbursts), sobretudo em áreas do Paraná, Mato Grosso do Sul e Oeste paulista.

Foto: Reprodução/Climatempo
Ciclone extratropical chega ao Brasil nesta semana


O risco de tornados também é considerado possível em pontos isolados do Sul, de Mato Grosso do Sul e do estado de São Paulo, além da ocorrência de trombas d’água em lagoas e no litoral.

Ventos devem provocar transtornos

As rajadas de vento associadas ao ciclone devem alcançar grande intensidade e persistir por diversas horas, com maior impacto esperado no Sul e no Leste do Rio Grande do Sul. A previsão indica rajadas entre 60 km/h e 80 km/h em grande parte do estado, com picos de 80 km/h a 100 km/h nas regiões mais vulneráveis.

Em áreas como o litoral gaúcho, entorno da Lagoa dos Patos e setores do extremo Sul, os ventos podem atingir entre 100 km/h e 130 km/h.

Locais elevados na encosta da Serra, entre o Nordeste do Rio Grande do Sul e o Sul de Santa Catarina, podem registrar marcas isoladas superiores a 140 km/h.

Foto: PxHere
Ciclone visto de cima


Santa Catarina, Paraná e o Leste de São Paulo também devem sentir os efeitos do vento mais forte, com rajadas entre 70 km/h e 100 km/h, especialmente na terça e na quarta-feira. Capitais como Curitiba e São Paulo podem registrar picos próximos de 90 km/h.

O impacto no setor elétrico tende a ser significativo, com possibilidade de quedas de postes, árvores e interrupções no fornecimento de energia elétrica, além de danos em telhados e estruturas expostas.


Evolução do sistema

O ciclone se consolida a partir do centro de baixa pressão observado inicialmente no nordeste argentino. Com o avanço para o Rio Grande do Sul, o sistema ganha força, atingindo seu ápice entre a terça e a quarta-feira, quando os valores de pressão projetados chegam à faixa de 982 hPa a 990 hPa, patamar comparável ao de ciclones tropicais de categoria inicial no Atlântico Norte.

Apesar de não ser um furacão, o sistema se destaca pela intensidade incomum para o continente e pela abrangência de seus impactos, exigindo atenção redobrada de autoridades e da população ao longo de toda a semana.