
Uma cidade fantasma é caracterizada por um conjunto habitacional, como um pequeno vilarejo, que por algum motivo foi abandonado por todos os moradores, deixando para trás as construções. Existem grandes cidades fantasmas ao redor do mundo, que abrigam casas, escolas, comércios locais e toda a estrutura que uma cidade precisa para funcionar.
Uma das principais causas que levam ao abandono de uma cidade são as mudanças sociais e econômicas do lugar, como falta de emprego ou ainda o fim das atividades econômicas que sustentavam o estilo de vida dos moradores.
Cidades fantasmas brasileiras
No Brasil, geralmente essas cidades abrigavam poucas dezenas de famílias que se sustentavam com trabalho em um setor específico, como o da construção que, após o fim da empreitada, perdeu o sentido de existir e foi abandonada.
Muitas cidades fantasmas foram afetadas por mudanças econômicas e de infraestrutura e acabaram perdendo todos os moradores, restando apenas as ruínas das antigas construções.
Um dos exemplos mais conhecidos é o de Fordlândia, no Pará , que foi habitada por funcionários da companhia de carro Ford para produção de borracha. Para a lista sobre as cidades fantasmas mais conhecidas do país, o Portal iG se baseou em informações da Gazeta Culturismo.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), apesar de ter informações sobre algumas das cidades fantasmas, informou a esta reportagem que não possui dados sobre o tema.
Airão Velho, Amazonas

A cidade de Airão Velho, às margens do Rio Negro no estado do Amazonas, é uma vila construída em 1694 por colonizadores portugueses para produção de borracha. Com a queda da procura pela matéria-prima no início do século XX, a cidade entrou em decadência, até perder o último morador em 1985.
Grande parte da população se mudou para vilarejos mais próximos de Manaus, mas a maioria (108 pessoas) foi reassentada na vila de Itapeaçu, que então passou a se chamar Novo Airão. Hoje, as ruínas de antigas igrejas e casas permanecem às margens do Rio Negro.
Fordlândia, Pará
No início do século XX, as linhas de produção de Henry Ford fabricavam carros em uma velocidade inédita, e todos aqueles veículos precisavam de pneus. Como a borracha ainda vinha das seringueiras do Sudeste Asiático, o empresário decidiu reduzir a dependência externa criando sua própria produção de látex. Segundo o Iphan, Ford mandou erguer em 1920 uma cidade tipicamente americana em plena Amazônia, batizada de Fordlândia
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No entanto, as seringueiras não se adaptaram ao solo amazônico, os conflitos culturais com os trabalhadores se multiplicaram e o modelo de gestão imposto pela empresa fracassou, levando o projeto ao abandono. Hoje, Fordlândia é uma pequena vila às margens do Rio Tapajós. Algumas ruínas industriais, como a imponente torre d’água, ainda permanecem de pé.
Igatu, Bahia
Igatu foi fundada na Bahia durante o século XIX por causa do trabalho de garimpeiros de diamantes na Chapada Diamantina. Segundo a Gazeta Culturismo, chegou a contar com cerca de 10 mil habitantes. A cidade se esvaziou com o esgotamento das pedras preciosas na região, deixando as casas sem moradores.
Hoje, a vila é conhecida como a “Machu Picchu baiana” e tem pouco menos de 400 moradores. O turismo virou a principal atividade da região, atraindo visitantes para trilhas, mirantes e espaços culturais que destacam sua história.
Cococi, Ceará
Cococi foi um município cearense fundado no século XVIII que perdeu força política e econômica ao longo dos anos até perder os últimos moradores. O local não contava com infraestrutura e serviços básicos, levando os habitantes para outras regiões e deixando a cidade vazia na década de 1980.
Segundo a Gazeta Culturismo, a cidade fantasma abriga hoje duas famílias em meio às ruínas. A antiga igreja matriz segue como ponto de encontro e realiza, todo mês de dezembro, celebrações em homenagem a São Sebastião, que atraem centenas de pessoas de volta ao povoado.
Ararapira, Paraná
Ararapira foi fundada pela Coroa Portuguesa no século XVIII, na divisa entre Paraná e São Paulo. Seu declínio ocorreu por motivos ambientais, como a erosão da costa e a mudança no curso dos rios, que dificultaram a permanência da comunidade.
Algumas famílias permaneceram na cidade fantasma e mantêm vivas tradições como a festa de São José, realizada todos os anos em março. As casas simples e o cemitério ainda em uso convivem com a mata preservada dos parques de Ilha do Cardoso e Superagüi.
São João Marcos, Rio de Janeiro
Fundada em 1739 no interior do Rio de Janeiro, São João Marcos chegou a ter mais de 14 mil habitantes no século XIX com a alta do café. A cidade começou a declinar no início do século XX, quando parte de seu território foi inundado pela concessionária de energia Light para a construção da Represa de Ribeirão das Lajes. As mudanças ambientais, somadas a epidemias como a malária e ao fim do ciclo do café, aceleraram o esvaziamento da região.
Nos anos 1940, a cidade fantasma foi demolida para ampliar a represa, realocando a população remanescente para cidades próximas. Hoje, as ruínas de São João Marcos podem ser visitadas no Parque Arqueológico e Ambiental que preserva parte de sua história.