Acusado de matar gari diz ter consciência tranquila: "Não atirei"

Renê da Silva Nogueira Júnior, preso desde agosto, disse que Laudemir foi "atingido por bala perdida"

Renê da Silva Nogueira Júnior é réu por morte de gari
Foto: Reprodução
Renê da Silva Nogueira Júnior é réu por morte de gari

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes  em dia 11 de agosto, disse estar com a consciência tranquila e negou dar um pedido de desculpas. Segundo ele, estaria "confessando uma culpa" de algo que não seria culpado.

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Preso desde agosto, Renê concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Cabrini, que foi ao ar na Record TV neste domingo (30). "Não posso pedir desculpa porque eu não atirei" , disse o empresário.

Nega autoria do crime

Renê está preso desde agosto
Foto: Reprodução
Renê está preso desde agosto


A entrevista exibida no programa Domingo Espetacular foi gravada no Presídio de Caeté, na Grande BH, onde  o empresário está detido. Ele se tornou réu pela morte de Laudemir, após, segundo o Ministério Público, atirar no gari durante uma discussão no trânsito.

Renê  negou a autoria do crime na entrevista, chamando o episódio de um incidente. Segundo ele, uma bala perdida pode ter atingido o gari.

O acusado admitiu que estava armado e que passou pelo local do crime, mas que não disparou. Ele também negou que estivesse irritado na discussão de trânsito, ocorrida antes da morte da vítima.

"O incidente pode ter acontecido. Até onde eu posso dizer, por causa do processo e orientação dos advogados, posso admitir que aconteceu um incidente (...). O que provavelmente aconteceu foi um acidente com a vítima: uma bala perdida" , relatou à Record TV.

Saída do local do crime

Foto: Divulgação/PCERJ
Após o crime, Renê saiu para passear com seus cães


Questionado por Cabrini sobre ter deixado o local após a morte do gari, Renê se defendeu afirmando que foi embora porque não era culpado. O repórter então perguntou o que ele pensaria de alguém que atira, mata uma pessoa e segue a vida normalmente. Renê respondeu que chamaria essa pessoa de “psicopata”.

"Fui trabalhar normal no dia, fiz o que fiz com os cachorros e fui para a academia como sempre fazia no almoço. Eu não poderia mudar a minha rotina por algo que eu não fiz. Eu não sou esse cara que falam: matou e foi pra academia" , disse.

Renê Júnior se defendeu dizendo que as provas do processo irão responder àquelas pessoas que acreditam que ele matou o gari por “extrema arrogância”.

Testemunha

Considerado peça fundamental no processo, o gari Thiago Rodrigues Vieira, que trabalhava com Laudemir no dia do crime, afirmou não ter dúvidas da autoria dos disparos. "Nem parou. Atirou e foi embora" , disse à Record TV.

Cerca de uma semana após o episódio, no dia 19 de agosto, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou ao Portal iG que Renê confessou ter matado o gari, versão da qual ele voltou atrás agora.

No mesmo período, seu advogado informou ao Portal iG que ele havia demonstrado arrependimento e estaria "muito abalado" com o ocorrido.

"Quando for a hora certa, ele vai se manifestar. Mas ele pensa, sim, em pedir desculpas para a família, para todos, mesmo sabendo que não vai ter o perdão" , disse o advogado, em agosto.

Relembre o caso

O gari Laudemir de Souza Fernandes foi morto em 11 de agosto após uma discussão de trânsito entre Renê e a motorista de um caminhão de lixo que, segundo o réu, bloqueava a rua.


Testemunhas relataram que o empresário ameaçou a motorista e que a equipe de garis saiu em defesa da mulher. Irritado, Renê então sacou a arma e atirou contra Laudemir, que morreu no hospital.

Renê saiu da cena do crime sem prestar socorro. Foi para o trabalho, para a casa e, depois, para a academia, onde foi preso em flagrante. Imagens de câmeras de segurança mostraram todo o trajeto dele no dia.

Durante as investigações, a polícia encontrou a arma da esposa de Renê , a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, da Polícia Civil. Após perícia, foi constatado que era a mesma pistola utilizada no crime.