Fraude no INSS: CPMI vai investigar núcleo político

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito afirmou que essa é a fase mais importante

Carlos Viana.
Foto: Reprodução/Geraldo Magela/Agência Senado
Carlos Viana.

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos), anunciou, nesta quinta-feira (6), o início de uma nova fase nas investigações, que agora focam em apurar e identificar o núcleo político criminoso que viabilizou que a fraude perdurasse por vários governos .

A declaração ocorreu em resposta a um editorial publicado na última quarta-feira (5) pelo jornal Estadão, que questiona a eficácia do trabalho desenvolvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito em relação à punição dos participantes da fraude.

Para Viana, a CPMI deve responder apresentando resultados aos aposentados e pensionistas que foram prejudicados. Segundo ele, entre esses resultados estão a identificação e a punição de todos os núcleos envolvidos no esquema, especialmente o político.


"Nós estamos entrando na fase mais delicada, porque as operações, os depósitos, tudo isso já está muito bem delineado. Hoje se a gente quisesse acabar com a CPMI e fazer um relatório apontando quem roubou, nós já poderíamos fazer. Quando a gente senta e analisa, nós já temos aqui todo o núcleo criminoso operativo. Mas cadê o núcleo criminoso político? Cadê aqueles que indicaram? E eles receberam o quê pelas indicações para manter essas pessoas roubando os aposentados?' , questionou Viana.

Careca do INSS e advogado que denunciou fraudes passarão por acareação

A CPMI do INSS também aprovou nesta quinta-feira (6) a acareação entre Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS , apontado como um dos principais articuladore da fraude, e o advogado Eli Cohen, um dos primeiros a denunciar o esquema de descontos indevidos em aposentadorias. 

O pedido de acareação foi apresentado pelo vice-presidente da comissão, deputado Duarte Júnior (PSB), mas ainda não há datas para os depoimentos. Tanto Cohen quanto Antunes já prestaram depoimento à CPMI separadamente. 

A CPMI investiga um esquema fraudulento que falsificava a autorização de idosos para que se tornassem mensalistas de associações e sindicatos. Para tanto, as entidades envolvidas utilizavam acordos com o INSS e conseguiam fazer o desconto automático das mensalidades nas pensões e aposentadorias. A Polícia Federal estima que, de 2019 a 2024, a fraude desviou R$ 6,3 bilhões.