PF apreendeu 150 fuzis em fábrica clandestina que abastecia o CV

Investigações apontam que armamento de guerra era produzido no Brasil

Fuzis apreendidos em fábrica clandestina
Foto: Divulgação/PF
Fuzis apreendidos em fábrica clandestina

A Polícia Federal apreendeu cerca de 150 fuzis em uma operação que visou desarticular uma organização criminosa especializada na produção, montagem e comércio ilegal de armas de fogo em Santa Bárbara d'Oeste, no interior de São Paulo. Segundo apuração feita pelo programa Fantástico, da TV Globo, o armamento abastecia o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro.

Confira:  RJ: 93 fuzis apreendidos são de sete modelos e diferentes países

A ação da PF, ocorrida em agosto, também confiscou mais de 31 mil peças e componentes, material suficiente para a produção de dezenas de outras armas .

Equipamentos importados

A Operação Forja, deflagrada pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF) em 15 de outubro, indica que a fábrica clandestina de São Paulo era capaz de produzir 3.500 fuzis por ano. O local utilizava pelo menos 11 equipamentos industriais de precisão, como tornos e fresadoras.

O grupo criminoso importava  componentes de fuzis dos EUA e da China, utilizando maquinário industrial de alta precisão (CNC) para produzir as peças em território nacional.

Além de prisões e buscas, a Justiça Federal determinou o sequestro de R$ 40 milhões em bens e valores dos investigados.

Produção clandestina no Brasil

Fuzis apreendidos em megaoperação no Rio, que podem ter ligação com a fábrica de SP
Foto: Divulgação/PCERJ
Fuzis apreendidos em megaoperação no Rio, que podem ter ligação com a fábrica de SP


A descoberta aponta para uma nova fonte de arsenal das principais facções criminosas no Brasil. Segundo a PF, em fala divulgada com exclusividade pelo Fantástico, traficantes do CV no Complexo do Alemãoalvos da megaoperação na última terça (28), recebia semanalmente remessas de fuzis vindas da fábrica clandestina paulista.

Rafael Xavier do Nascimento, apontado como responsável pelo transporte, foi preso em flagrante com 13 fuzis na Via Dutra. A investigação é um desdobramento da Operação Wardogs, deflagrada em outubro de 2023, quando o líder do grupo, Silas Diniz Carvalho, foi preso em flagrante com 47 fuzis, o que levou ao fechamento de uma fábrica em Belo Horizonte (MG).

Mesmo em prisão domiciliar e já condenado a 12 anos pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), ele continuou a comandar a quadrilha, reestruturando o esquema e transferindo a produção para a fábrica no interior de São Paulo, mais sofisticada, que funcionava sob a fachada de uma empresa de peças aeronáuticas.

Fuzis apreendidos em megaoperação

Na ação que mobilizou 2.500 agentes das polícias Civis e Militar na última semana, em que visava desarticular o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha, 93 fuzis foram apreendidos. O balanço da megaoperação foi de 121 mortos, sendo quatro policiais e 117 suspeitos , e outros 113 detidos.


Do armamento de grosso calibre apreendido, pelo menos 25 eram do modelo AR-15, calibre 556, assim como os produzidos na fábrica clandestina de Santa Bárbara d'Oeste. As investigações ainda não identificaram se eles foram produzidos no local.

A reportagem da TV Globo também aponta para a fábrica encontrada em Minas Gerais teria fornecido cerca de mil fuzis para as facções do Rio de Janeiro. O armamento também era vendido para criminosos na Bahia e no Ceará.