
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) disse que sua pauta primordial é a anistia aos condenados por participação nos atos de oito de janeiro de 2023 . A declaração ocorreu durante a cerimônia de entrega do Título de Cidadão Honorário e da Medalha de Mérito Legislativo na Câmara Municipal de Juiz de Fora (MG) nesta quinta-feira (18). O Portal iG esteve no evento.
Perguntado sobre a possibilidade de concorrer ao Senado em 2026, Nikolas foi enfático: " Minha pauta agora é a anistia. Não vou falar de eleições até que isso seja superado" .
Durante a entrega da honraria, a plateia se manifestou vários momentos aclamando o nome de Bolsonaro e aplaudindo quando a cerimonialista disse que Nikolas valoriza a família e os valores ligados a Deus.
Em seguida, o nome da prefeita Margarida Salomão (PT), citado pela sanção da lei, foi fortemente vaiado.
O deputado afirmou que "foi feita uma perseguição" com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e comemorou a aprovação da urgência do projeto da anistia, na última quarta-feira (17)."Tempos atrás, não existia nem possibilidade de pautar a anistia, muito menos de termos 311 votos, então pra gente a urgência já foi uma grande vitória" , declarou. "Eu espero que os deputados entendam que a gente precisa pacificar o país", completou.
Entenda: Oposição quer anistia para 8 de janeiro; de qual estão falando?
PEC da Blindagem
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que amplia a proteção de parlamentares na Justiça e foi aprovada em primeiro turno na Câmara, também foi abordada por Nikolas.
"Da blindagem, não, da alforria, né? Porque quem domina as instituições jurídicas são a esquerda. Não é blindar nada, o que nós estamos dizendo é que no momento atual temos que blindar o nosso mandato, porque há uma perseguição do judiciário, na pessoa do [ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)] Alexandre de Moraes, que persegue, que abre inquérito. Ou seja, é uma perseguição implacável, e dessa forma não temos como exercer o nosso trabalho" , disse.
A proposta aprovada estabelece que deputados e senadores somente poderão ser processados criminalmente após aval da Casa do parlamentar — Câmara ou Senado, a depender do caso.
O evento

O evento teve controle rígido de acesso e um ambiente tenso na entrada, com assessores e segurança privada vigiando todos que acessavam o prédio público. Nikolas disse em seu discurso que vem recebendo ameaças de morte, junto com a família.
Na entrada da Câmara, era necessário informar o nome. Uma conhecida da vereadora Roberta Lopes (PL), organizadora dos atos de Nikolas na cidade, disse ao iG que uma parcela das pessoas presentes foi convidada e previamente cadastrada. O restante poderia entrar se houvesse espaço.
“ Até pra gente saber quem está aqui ”, disse a fonte. Questionada se o deputado tem medo de algo, ela disse que sim, por ele ter sido “ameaçado diversas vezes”.
A homenagem foi realizada pela vereadora Roberta Lopes (PL), “em reconhecimento ao trabalho desempenhado em defesa da família, da liberdade e da fé cristã”.
Além do evento na Câmara, às 19h30, o parlamentar vai até a Igreja Batista Estrela da Manhã (IBREM), conceder uma palestra intitulada "O Cristão e a Política". Na cerimônia, o deputado também agradeceu o título.
"É uma honra poder se tornar cidadão honorário aqui dessa cidade, a gente sabe o quanto Juiz de Fora é querido não só por Minas, mas por todo o Brasil" , agradeceu o deputado.
Em seu discurso após receber a honraria, Nikolas falou que Juiz de Fora foi a cidade onde Jair Bolsonaro renasceu.
O evento foi transmitido em um telão do lado de fora da Câmara. Nikolas mandou um abraço também para “meia dúzia de esquerdistas” que ele disse estar assistindo à transmissão. Ao final do evento, a vereadora Roberta Lopes (PL) iniciou uma oração.
Oposição
Do lado de fora da cerimônia, um grupo de manifestantes se posicionou em frente à Câmara Municipal de Juiz de Fora levando cartazes e faixas contrárias ao projeto de anistia.
O movimento buscou chamar a atenção para a pauta em discussão no Congresso Nacional, que foi mencionada diversas vezes pelo deputado Nikolas Ferreira ao longo do evento.
Entre as mensagens expostas, uma faixa destacava os dizeres “sem anistia, sem retrocesso”, em referência direta aos atos de 8 de janeiro de 2023.
O grupo defendia que os responsáveis pelos episódios de depredação das sedes dos Três Poderes sejam punidos, sem possibilidade de perdão coletivo por parte do Legislativo.
Outra faixa trazia a frase “em defesa das mulheres e da democracia”, associando a rejeição à anistia a uma pauta mais ampla de proteção institucional e social.
Os manifestantes afirmaram que a medida representaria um enfraquecimento das garantias democráticas conquistadas nos últimos anos.
Terra da facada
Juiz de Fora foi onde ocorreu a facada no então candidato Jair Bolsonaro (PL), em setembro de 2018.
Naquele ano, ele recebeu 52% dos votos válidos no segundo turno da disputa presidencial, contra Fernando Haddad (PT), atualmente Ministro da Fazenda.
Na eleição seguinte, no entanto, em embate com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro teve uma queda de quase 10% na preferência dos eleitores, e recebeu os votos de pouco mais de 43% dos eleitores, contra 56% do petista.
A cidade é governada pela esquerda, com Margarida Salomão (PT), reeleita em primeiro turno e mantendo a maioria no legislativo local.