CPMI do INSS: advogado nega envolvimento e segue em silêncio

Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, um dos alvos da operação da PF na última semana, prestou depoimento nesta quinta (18)

O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, em depoimento às CPMI do INSS
Foto: Foto: Lula Marques/Agência Brasil.
O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, em depoimento às CPMI do INSS

O advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, investigado pela Polícia Federal por possível participação no esquema de fraudes e desvios de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), abriu os depoimentos, desta quinta-feira (18), na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS.

Munido de habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), para garantir o direito de permanecer em silêncio, ele começou respondendo as perguntas dos parlamentares, depois, seguiu calado.

A Polícia Federal passou a investigar Nelson Wilians após identificar conexão financeira entre o advogado e o empresário Maurício Camisotti, que é apontado como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência .

Camisotti e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “ Careca do INSS”, foram presos na última sexta-feira (12);

Ao pedir autorização para a operação ao STF, a PF afirmou que Wilians prestou serviços advocatícios a uma das associações investigadas por descontos irregulares, a Associação dos Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec).

Segundo os investigadores, elementos analisados na investigação apontam que Wilians, Antunes e Camisotti teriam recebido vazamentos sobre a possibilidade de a PF mirá-los em uma operação.

Na CPMI, Nelson Wilians, que também foi alvo da PF na operação que prendeu Antunes e Camisotti, negou qualquer envolvimento com o esquema, confirmou que conhece o empresário Maurício Camisotti, mas negou conhecer Antunes.

"PF fez seu papel"

Questionado pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre a operação de sexta-feira, o advogado disse que a PF cumpriu o "seu papel".

"Não tenho nada a ver com o que está sendo objeto da investigação, que são os roubos dos aposentados do INSS. Com relação à PF, ela cumpre o seu papel. O papel é de apurar. Se a PF achou que aquele seria o caminho, é um direito dela. A mim cabe respeitar, acatar. Não acho que ela errou. Agora vou ter a oportunidade de apresentar os documentos, argumentos com calma", declarou.

Por seguidas vezes, após ser questionado pelo relator, Nelson Wilians repetiu que não tinha "nada a ver" com a operação ou com as fraudes no INSS.


Minutos antes, ele havia se negado a assinar um termo para dizer a verdade durante a oitiva. Após um intervalo a pedido da própria defesa de Wilians, o advogado decidiu ficar em silêncio.

Questionado pelo relator da CPI, Nelson Wilians passou a repetir que não tinha "qualquer relação" com as fraudes.

Diante da situação, o deputado Duarte Jr. (PSB-MA) chegou a dizer que Nelson Wilians "era um tigrão nas redes sociais, mas, sem filtro e sem celular, é um verdadeiro fantoche".

Ao responder parlamentares, Nelson Wilians reafirmou que seguiria dizendo que não tem "nada a ver" com os desvios. E assim permaneceu até os parlamentares encerrarem o seu  depoimento na CPMI do INSS.