
A Câmara Municipal de Tremembé, no interior de São Paulo, reagiu à série Tremembé, a Prisão dos Famosos , que será lançada em 31 de outubro pela Amazon Prime Video .
A produção, dirigida por Vera Egito e baseada nos livros do jornalista Ulisses Campbell, terá cinco episódios e mostrará o cotidiano da Penitenciária II Dr. José Augusto César Salgado, onde cumprem pena detentos de grande notoriedade.
O descontentamento dos vereadores se concentra no título da série, que associa diretamente o nome do município ao presídio.
Em nota oficial, a Câmara classificou a vinculação como “inaceitável e desrespeitosa com nossa população”, destacando que a cidade é conhecida como Terra do Senhor Bom Jesus e Capital Histórica do Arroz Irrigado. A moção de repúdio também foi aprovada contra a Amazon Prime Video.
O presidente da Câmara, vereador Paulinho Kodak (Republicanos), publicou uma declaração no Instagram e depois reforçou sua posição em entrevista ao Portal iG .
“Nosso repúdio é por utilizar o nome da nossa cidade Tremembé na série, baseada em um livro com o mesmo nome, para ganhar dinheiro com uma imagem ruim” , declarou. “Nós estamos defendendo a cidade.”
Ele também afirmou que a prefeitura poderia se posicionar contra a empresa em defesa de Tremembé, mas deixou claro que os poderes são independentes.
“A Prefeitura não se manifestou sobre o tema. Seria bom que o prefeito fizesse, fizemos nossa parte, mas não obrigamos o prefeito. Se houvesse uma posição dele, que eu não vi, teríamos mais força [como cidade], mas os poderes são independentes e nós, vereadores, tomamos essa posição de fazer a nota e a moção de repúdio” , explicou.
Ele reforçou que o objetivo da Câmara é “preservar a imagem de Tremembé, que é reconhecida pela hospitalidade, seu potencial turístico, pela religiosidade, pela Basílica do Senhor Bom Jesus. Temos que defender nossa cidade.”
Na nota assinada por Kodak, a Câmara pede a troca do nome da série. “Nossa cidade não pode ser reduzida a uma imagem de criminosos e glamourização do crime. Tremembé é muito mais que um presídio! (…) Usar o nome de Tremembé de forma negativa é desrespeitar toda a nossa história, nossa fé e nossa população.”
A reação começou ainda antes da divulgação da data de estreia. Na semana anterior, os vereadores já haviam publicado um posicionamento oficial contra a produção.
A repercussão dividiu os moradores nas redes sociais: parte da população parabenizou a Câmara, enquanto outros criticaram a mobilização, argumentando que haveria assuntos mais urgentes a serem tratados pelos políticos locais.
O presídio e os detentos

A Penitenciária II de Tremembé é conhecida por abrigar presos de casos de grande repercussão. Entre eles:
- Suzane von Richthofen, condenada pela morte dos pais em 2002;
- Elize Matsunaga, condenada por matar e esquartejar o marido em 2012;
- Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados pelo assassinato da filha Isabella em 2008;
- Cristian Cravinhos, cúmplice de Suzane; e o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado por estupros contra pacientes.
Localizada no Vale do Paraíba, a unidade é de regime fechado e destinada a presos de alta notoriedade. Em alguns casos, detentos ficam em celas individuais. A administração é da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo.
A cidade de Tremembé
Com população estimada em 47 mil habitantes, Tremembé fica a cerca de 140 quilômetros da capital paulista, no eixo da Rodovia Presidente Dutra.
O município é conhecido pela religiosidade, com destaque para a Basílica do Senhor Bom Jesus, e pela tradição agrícola do arroz irrigado. Os vereadores afirmam que essa identidade é ignorada quando o nome da cidade é associado exclusivamente ao presídio.