Menino acordou e pediu água no próprio velório? Saiba a verdade

História sobre criança de dois anos em Belém, em 2012, foi investigada pela Polícia Civil

Menino não acordou em velório, segundo a Polícia Civil
Foto: Reprodução/freepik
Menino não acordou em velório, segundo a Polícia Civil

A história de um menino que teria acordado  durante o próprio velório e pedido água ao pai circulou em 2012 em Belém, no Pará, e voltou a ser compartilhada anos depois como se fosse verdadeira. O caso envolveu Kelvys Simão dos Santos, de dois anos, e foi desmentido por investigação oficial.

O menino foi internado no Hospital Abelardo Santos em 1º de junho de 2012, com febre, falta de ar, desidratação e broncopneumonia.

Na mesma noite, às 19h, foi declarado morto após insuficiência respiratória e parada cardíaca, conforme registrado no atestado de óbito.

O velório ocorreu no dia seguinte, na ilha de Cotijuba. Familiares e testemunhas afirmaram que o corpo se mexeu, cuspiu o algodão da boca, sentou no caixão e pediu água ao pai, Antônio dos Santos, entre 14h e 15h30.

A pastora Maria Raimunda Batista disse que o corpo “estava se mexendo o tempo todo” .

Segundo relatos, o menino chegou a beber água sozinho, o que causou pânico. A avó desmaiou, e pessoas presentes realizaram massagens cardíacas.

Após o episódio, Kelvys foi levado a uma unidade de saúde em Cotijuba, mas médicos confirmaram que já estava morto havia horas. A família registrou boletim de ocorrência em 4 de junho daquele ano, denunciando possível negligência médica.

O pai declarou acreditar que o filho reagira a medicamentos aplicados no hospital. A direção da unidade afirmou que apenas uma exumação poderia esclarecer os fatos.

A Polícia Civil abriu inquérito, conduzido pela delegada Elizeth Cardoso, mas o pedido de exumação não foi autorizado. O enterro ocorreu no mesmo dia do velório.

Durante a investigação, especialistas apontaram que os sinais descritos poderiam ser explicados por manchas escuras na pele (livor mortis), típicas após a morte, que podem ser confundidas com movimentos. Duas hipóteses foram levantadas: catalepsia ou um delírio coletivo entre os presentes.


Polícia Civil esclareceu a história

A conclusão da Polícia Civil foi de que não houve retorno à vida. Um fator considerado foi o tempo em que o corpo permaneceu em um saco cadavérico lacrado: cerca de quatro horas, o que tornaria impossível a sobrevivência.

Em 2019, o site Boatos.org publicou um relatório classificando o caso como boato, reiterando que o menino não levantou nem pediu água no velório, mas que os movimentos foram resultado de má interpretação de sinais pós-morte.