Um homem de 54 anos, identificado como Nilson de Almeida Gogge, faleceu na noite de quinta-feira (14) em Vila Velha, no Espírito Santo, após ter supostamente atendimento negado em um hospital e ser levado para um Pronto Atendimento.
Segundo familiares, Nilson sofria de problemas cardíacos e já havia passado por internação anterior no Hospital Evangélico de Vila Velha.
Na quinta, ao apresentar sintomas graves, foi levado pela família até a unidade, mas teria sido informado por profissionais de saúde que não poderia receber atendimento naquele momento.
Diante da suposta recusa, a família solicitou ajuda a uma equipe da Guarda Municipal que passava pelo local.
Nilson foi transportado no carro da família, escoltado pela viatura, até o Pronto Atendimento da Glória, onde médicos tentaram reanimá-lo por cerca de 50 minutos, mas ele não resistiu.
Familiares teriam tentado convencer a equipe do hospital a atender o tio, mencionando orientações médicas anteriores que indicavam a possibilidade de levá-lo diretamente à unidade.
Testemunhas descreveram a situação como desesperadora, afirmando que buscava apenas o primeiro atendimento de emergência.
Caso foi registrado pela polícia
O caso foi registrado como possível omissão de socorro, e as profissionais de saúde mencionadas foram conduzidas para prestar depoimento na Delegacia Regional de Vila Velha.
O Portal iG procurou a Polícia Civil e a Secretaria de Saúde de Vila Velha, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Caso se manifestem, a matéria será atualizada.
Também foi procurada o Hospital Evangélico de Vila Velha (HEVV), que “assegura que o caso está sendo apurado, lamenta profundamente o desfecho e manifesta solidariedade à família.”
Já a Guarda Municipal de Vila Velha divulgou a seguinte nota:
"A equipe de Guarda Municipal de Vila Velha realizava o patrulhamento nas proximidades de um Hospital, em Alecrim, nessa quinta-feira, quando foi abordada por uma mulher solicitando socorro para seu tio, que estava passando mal. Segundo informações, duas enfermeiras da unidade hospital teriam negado atendimento imediato. Diante da situação, os agentes prestaram auxílio e conduziram o homem, de 54 anos, ao Pronto Atendimento da Glória.
Segundo a Secretária Municipal de Saúde, o paciente chegou ao Pronto Atendimento da Glória inconsciente, em parada cardiorrespiratória, sendo encaminhado imediatamente à sala de emergência. A equipe médica iniciou, de forma ininterrupta, as manobras de reanimação cardiopulmonar (RCP), que se estenderam por cerca de 50 minutos. Apesar de todos os esforços e da assistência prestada, o paciente não resistiu e veio a óbito. O corpo foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO). Os familiares receberam acolhimento e apoio da equipe do Serviço Social.
As duas profissionais, que negaram atendimento no hospital anterior, foram encaminhadas à Delegacia Regional de Vila Velha, pela GMVV, para esclarecimento dos fatos."
O Coren do Espírito Santo também se posicionou, pontuando que vai adotar medidas para apurar o caso.
"O Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren-ES) informa que tomou conhecimento, por meio da imprensa, de suposto caso de omissão de socorro envolvendo enfermeiras, ocorrido na última quinta-feira, 14 de agosto de 2025, em um hospital localizado no município de Vila Velha.
Embora a denúncia não tenha sido formalmente comunicada a esta Autarquia Federal, o Coren-ES, na condição de órgão fiscalizador do exercício profissional da enfermagem no Estado, adotará as medidas cabíveis para apuração dos fatos. Caso sejam comprovadas irregularidades na assistência, será instaurado, por ofício, o procedimento administrativo competente para apuração das responsabilidades.
Cabe ressaltar que a enfermagem exerce papel fundamental na assistência à saúde da população, regida pela Lei nº 7.498/86 e pelo Código de Ética da Enfermagem, que estabelece, entre seus deveres, o exercício profissional pautado pela justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência e responsabilidade.
'O Coren-ES, como Autarquia Federal regulamentada pela Lei nº 5.905/73, mantém seu compromisso de zelar pelo exercício ético e seguro da enfermagem, garantindo à sociedade um serviço de qualidade. Determinaremos a apuração rigorosa do caso, reforçando que situações isoladas não representam a atuação da categoria, reconhecida pelo papel essencial que desempenha em prol da saúde da população', afirma o presidente do Coren-ES, Dr. Wilton José Patrício.
Denúncias podem ser registradas diretamente no canal de Ouvidoria do Coren-ES, disponível 24 horas no site www.coren-es.org.br. É fundamental que sejam encaminhadas com o máximo de detalhes possíveis, incluindo nome da unidade, local, data e, se houver, documentos que indiquem indícios ou provas dos fatos relatados."