Uma jovem de 20 anos morreu após uma tentativa de aborto clandestino realizada em um motel em Ceres, Goiás , no dia 1º de agosto. Segundo divulgação da Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta segunda-feira (11), a dosagem excessiva de um medicamento teria sido responsável pela morte.
Um casal, que realizou a prática clandestina, foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. O delegado da região, Matheus Costa Melo, afirmou em uma entrevista coletiva para a imprensa que foi diluído entre nove e 21 comprimidos de um medicamento em soro fisiológico antes de ser aplicado na veia da jovem.
A vítima foi identificada como Gabriela Patrícia de Jesus Silva, que chegou a ser levada para uma unidade de saúde da região, mas não resistiu. Conforme os policiais, ela estava com crises convulsivas e “sinais compatíveis com a realização de procedimento abortivo clandestino”.
Suspeitos presos
A polícia divulgou imagens da chegada dos suspeitos e da vítima à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, para onde foi levada após o procedimento mal sucedido. Câmeras de segurança flagraram o momento em que o carro transportando Gabriela chega ao local, pelos fundos. Nas imagens, os suspeitos descem apressados do veículo.
Segundo as investigações, eles são um cirurgião-dentista, que conduziu a tentativa de aborto, e uma técnica em enfermagem, namorada do cirurgião que auxiliou na ação. Para a polícia, foi ele quem aplicou a substância abortiva na vítima.
A polícia informou ao Portal iG que não há outros suspeitos investigados no crime. O delegado que apura o caso informou que diversas diligências foram cumpridas e o inquérito policial foi concluído na última sexta-feira (09). O casal foi indiciado por homicídio doloso qualificado pelo dolo eventual e por aborto consentido. Segundo Melo, eles assumiram o risco de provocar a morte da vítima.
“Eles tinham conhecimento da área da saúde, pesquisaram sobre as formas de praticar aborto na internet, dias antes do crime tentaram comprar o remédio pela internet” , pontuou o delegado.
Parada cardiorrespiratória
A polícia explicou que a vítima teve uma parada cardiorrespiratória após a mal administração do medicamento ocitocina por parte da técnica de enfermagem. "A veia entupiu, ela [a suspeita] passou com o outro braço e concluiu o procedimento. Cinco minutos depois, dez minutos depois, a vítima começou a convulsionar dentro do motel e chegou já na UPA em parada cardiorrespiratória com sangramento constante no estômago" , explicou o delegado.
O quadro de saúde se agravou após a injeção do medicamento no corpo da vítima. Segundo a polícia, os suspeitos encomendaram cerca de 30 comprimidos pela internet, dos quais apenas nove sobraram dentro do frasco.
Melo também afirma que ficou bem claro durante toda a investigação que os três envolvidos, a vítima e os suspeitos, de que foi tudo consensual. "Pela extração de dados dos telefones, pelas imagens de câmara de segurança apreendida, ela consentiu com o aborto e acabou indo para um hotel no carro dos suspeitos" , disse.