
Nos primeiros meses de 2025, a aviação geral, que engloba aeronaves privadas, táxi-aéreo, helicópteros, voos executivos e agrícolas, excluindo aviação comercial e militar, registrou 32 acidentes no Brasil, até esta sexta-feira (28). Desses, sete foram no pouso. Durante a viagem (cruzeiro) ocorreram cinco, e 8 na decolagem. Problemas no pouso são comuns na aviação internacional também.
Essa semana, foi nessa etapa do voo que por pouco dois aviões não se chocaram, nos Estados Unidos, onde uma aeronave da Southwest Airlines arremeteu na aterrissagem, no Aeroporto Midway, em Chicago (veja o vídeo abaixo), para evitar atingir outra, em solo.
Fases do voo
O painel SIPAER, da Aeronáutica, indica os dados detalhados de ocorrências aéreas desde 2015, no Brasil. Nesse período, foram registradas 8327, divididas entre Acidente, Incidente Grave e Incidente.
Considerando as sete fases do voo, segundo o critério aeronáutico - decolagem, subida, cruzeiro, aproximação final, pouso, corrida após o pouso e taxiamento - a maioria foi no pouso (1.694), 1483 no cruzeiro (durante a viagem), e 1482 na hora de decolar.
Na sequência, aparecem aproximação, subida, corrida após pouso e taxiamento, nessa ordem.
Possíveis explicações Aroldo Soares, fundador e Head de Produtos da Espaço Aéreo, explicou ao iG que as causas são diversas. "As mais comuns envolvem falhas ou mau funcionamento do motor, perda de controle em voo, excursão de pista e falhas em operações de baixa altitude. Porém, o essencial é analisar a totalidade dos acidentes", disse.
Analisando as sete etapas do voo no painel da Aeronáutica, nas três primeiras com mais casos (pouso, cruzeiro e decolagem), a maior parte resultou em incidentes. Em média, pouco acima de 70%, ou seja, sete de cada 10. No caso das 1.694 ocorrências ocorridas no pouso, 1.259 resultaram em incidente, 187 em incidente grave e 248 acidentes.
Nos registros durante a viagem (cruzeiro), também cerca de 70% terminaram em incidentes - 1.483 no total, sendo 1.091 incidentes.

Nas decolagens, das 1.482 no total, 1.079 resultaram em incidentes. Já na aproximação final e na subida, a média de incidentes fica acima de 80%. E na corrida após o pouso, a estatística muda bastante em relação a outras fases do voo, no que diz respeito a incidentes. Foram 508 ocorrências entre 2015 e 2025, sendo pouco mais de 50% incidentes e 128 incidentes graves (cerca de 25%).
Levando em conta os acidentes em geral, que ocorre desde embarque até o desembarque, ou até a parada total no caso de aeronaves não tripuladas, quando há morte, lesão grave, falha estrutural significativa ou desaparecimento da aeronave, no intervalo entre os anos de 2015 e 2024, em 2015 ocorreu um; em 2016, dois; em 2017, um; em 2018, dois; em 2019, dois; em 2020, um; em 2022, um; e em 2024, dois.
"Apesar de um pequeno aumento em 2024, os acidentes no setor comercial são bem menos frequentes, e a maior parte ocorre na aviação geral, que envolve diferentes tipos de aeronaves, como aviões privados e helicópteros", explicou o especialista.
"Esses números demonstram a necessidade urgente de aprimorar o treinamento de pilotos, especialmente na aviação geral, que tem menos supervisão em comparação com a aviação comercial", destacou Soares.
Apesar do aumento de acidentes em 2024, Soares observa que, proporcionalmente, os índices estão em queda.
"O volume de acidentes em 2024, embora elevado, não é tão alarmante quanto a percepção pública sugere. Comparando com 2015, quando ocorreram 172 acidentes com um número menor de aeronaves em operação, a taxa de acidentes tem diminuído, principalmente se considerarmos as horas de voo e a frota atual.
Momento preocupante
No caso da arremetida no Aeroporto Midway, em Chicago, para evitar uma possível colisão com um jato privado que cruzava a pista, a tripulação seguiu os procedimentos de segurança e conseguiu evitar uma tragédia.
O caso ocorreu em meio a preocupações sobre a segurança no controle do tráfego aéreo nos Estados Unidos, após uma série de incidentes recentes.
Entre eles, um acidente fatal em Washington, em janeiro, e quase colisões em Austin, Syracuse e Nashville. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) investigou um desses eventos e concluiu que um erro do controlador de tráfego aéreo foi a causa.
Assista ao vídeo abaixo da arremetida em Chicago:
🚨GO AROUND 🛫
— AEROIN (@aero_in) February 25, 2025
Boeing 737 da Southwest Airlines arremete no Aeroporto Midway em Chicago após jatinho Bombardier Challenger cruzar a pista durante o pouso
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