A Lição de Aristóteles

A mais preciosa lição legada por Aristóteles à humanidade é que a lógica se impõe diante da realidade

Por Ricardo Sayeg*

Professor e jornalista Ricardo Sayeg
Foto: Arquivo pessoal
Professor e jornalista Ricardo Sayeg


Aristóteles é universalmente reconhecido como um dos pensadores mais influentes da história da humanidade.

Entre os três gigantes do intelecto que moldaram nossa compreensão racional do mundo — Aristóteles, Newton e Einstein —, coube ao filósofo grego o título de “pai da lógica”.

Enquanto Newton desvendou as leis da física clássica e Einstein revolucionou com a física quântica e a teoria da relatividade, Aristóteles foi o sistematizador da lógica, como categoria do conhecimento, formulando as estruturas mentais que dão suporte às ciências e à filosofia até hoje.

Aristóteles nos lembra que a lógica não é apenas uma ferramenta de pensamento, mas sim uma bússola inexorável a demarcar o caminho a ser seguido.

Não importa quão complexo ou emocional sejam as circunstâncias, segundo Aristóteles, a lógica deve prevalecer porque é atrelada ao real, sob pena de descolamento da realidade.

A mais preciosa lição legada por Aristóteles à  humanidade é que a lógica se impõe diante da realidade.

Essa lição que parece tão óbvia à primeira vista, torna-se crucial ao se estabelecer os rumos do governo nacional e das políticas públicas, tamanha a insanidade, insensatez e irresponsabilidade que reina no Brasil entre nossos governantes e líderes, em um maniqueísmo improdutivo e ruinoso para nossa nação.

Na perspectiva da edificação de nossa nação, a verdadeira sabedoria está em usar a lógica, por meio da consciência e da razão, para promover o bem comum, garantindo que as atitudes e decisões que impactam nas questões públicas sejam eficientes, prudentes e fundamentadas.

Afinal, como o próprio filósofo helênico nos ensinou, é o discernimento e a racionalidade que nos distingue dos animais e nos permite, como seres políticos, viver em sociedade.

Com efeito, atualmente, o Brasil que, como todo e qualquer país do mundo, necessita ser bem gerido, ainda se encontra em um cenário preocupante de seríssimos desafios.

Estes desafios, assim como, todo o demais que corresponda à gestão do país, necessitam ser enfrentados e superados.

Neste quadro a lógica, sob o ponto de vista da gestão pública, tem um papel decisivo e determinante, pois a eficiência, prudência e transparência, do governo nacional e de nossos líderes, estão diretamente relacionadas com o seu grau de discernimento e racionalidade.

Todavia, o país inteiro está assistindo, em nossos governantes e líderes nacionais profunda insensatez.

Está claro para todo o Brasil que a preocupação deles é focada em uma insana obsessão pelo poder; enquanto, o país, com seus desafios e premências de boa gestão, fica em segundo plano.

Diante de nossas demandas e necessidades nacionais, não tem lógica nossos governantes e líderes ficarem se engalfinhando pelo poder feito cão e gato, ao invés de agirem e, quem sabe, por milagre, se unirem, em prol do país e do bem maior do povo.

A polarização que atualmente está havendo entre a esquerda e a direita é totalmente tóxica e irresponsável; e, infelizmente, invadiu até mesmo o poder judiciário.

Neste nosso país, entre os nossos líderes e governantes, tudo se tornou uma luta doentia e insana pelo poder.

Indubitável que, sob o ponto de vista da gestão pública, isto não é lógico, muito menos, justificável ou correto; e, coloca a nossa nação a mercê de uma pauta pessoal de poder ou, mesmo que seja ideológica, totalmente insensata e irresponsável por parte de ambos os lados.

A população não aguenta mais esta insanidade, insensata e irresponsável, tanto da esquerda, quanto da direita.

O povo quer governantes e líderes verdadeiros, nem a direita, nem a esquerda, mais, sim, coerentes e lógicos, com consciência e racionalidade, que pensem no bem do Brasil e da população, à frente de suas pautas e interesses pessoais ou partidários.

Está a ocorrer exatamente como Aristóteles advertiu, os governantes e os líderes do Brasil se descolaram da realidade de nossas demandas e desafios nacionais.

O preço a pagar é altíssimo, como de fato estamos pagando. Vivemos,sem perspectiva de melhora, sob tremendas desigualdades sociais e regionais, com a pobreza atingindo 70 milhões de pessoas, sendo centenas de milhares em situação de moradores de rua; inaceitáveis níveis de exclusão e marginalização social; criminalidade epidêmica, alarmante, sob a ameaça de um narcoestado; déficits orçamentários persistentes; juros em patamares elevadíssimos; inflação; maxdesvalorização do real frente ao dólar; crescimento exponencial da dívida pública; gestão fiscal descontrolada; retração dos mercados, negócios e investimentos; perda para a concorrência internacional; automação dos postos de trabalho; baixa escolaridade e capacidade competitiva de nossa população etc.

Estamos a beira do caos nacional em diversos níveis, pois, inegável que vivenciamos, enquanto nação, uma situação caótica, cuja tendência aponta para se agravar.

A propósito, é gritante o perigoso sinal de alerta que se percebe no flagrante ceticismo nacional, típico do helênico Pirro, que está reinando entre as pessoas quanto a estarem perdendo a fé no Brasil, achando que o país não tem mais jeito.

Convenhamos, é premente a necessidade de se estabilizar e equilibrar o país em prol do bem do Brasil e de nosso povo.

É imperioso que se restabeleça a sensatez e a credibilidade em nossa nação; e, portanto, que nossos governantes e líderes assumam, de uma vez por todas, o sagrado compromisso de conduzir a república, com lógica, consciência e razão, para o melhor para o Brasil e para nosso povo, acima de seus interesses pessoais ou partidários e desta doentia obsessão pelo poder.

Em prol do bem da nação, temos que pacificamente nos mobilizar e exigir de nossos governantes e líderes que abram mão deste reprovável apego pelo poder; ajam com lógica, sensatez e responsabilidade, por meio da racionalidade e discernimento.

Que Deus nos abençoe e este milagre se opere em nosso país.

*Ricardo Sayeg. Jornalista. Jurista Imortal da Academia Brasiliense de Direito e da Academia Paulista de Direito. Professor Livre-Docente da PUC-SP. Doutor e Mestre em Direito. Presidente da Comissão Nacional Cristã de Direitos Humanos do FENASP. Comandante dos Cavaleiros Templários do Real Arco Guardiões do Graal.