O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) , Antônio Fernando de Oliveira, manifestou apoio ao decreto publicado pelo governo federal que regulamenta o uso da força em operações policiais. A declaração foi dada nesta quarta-feira (25), um dia após uma jovem ser baleada na cabeça por agentes da corporação em Duque de Caxias , na Baixada Fluminense .
Durante entrevista à Globonews , Oliveira também defendeu a adoção de câmeras corporais pelos agentes. "Acredito que o decreto do presidente é acertado para toda a atividade policial. Sou defensor ferrenho da utilização de câmeras corporais porque elas defendem a atividade policial", afirmou.
O diretor destacou que a PRF está promovendo treinamentos para prevenir episódios como o ocorrido. "Instituímos uma comissão-geral de direitos humanos com políticas sendo implantadas em todo o efetivo. [...] Temos uma revisão de atuação que é feita, necessariamente, todo ano", explicou.
Atuação no Rio de Janeiro
Oliveira classificou o ambiente do Rio como "especial" e informou que a corporação já realiza treinamentos específicos para atuação no estado. "Toda nossa equipe que vai para uma atividade eventual no Rio, como foi no G20, passa por um período de adaptação ao ambiente do Rio, que é diferenciado", disse.
Apesar disso, ele revelou que os três agentes envolvidos na ocorrência em Duque de Caxias são do próprio estado e estavam em serviço nas ruas devido a uma alteração na escala para cobrir o plantão de fim de ano. Os policiais, que normalmente atuam em funções administrativas, foram deslocados para o trabalho operacional.
Oliveira negou que o fato de os agentes serem do setor administrativo tenha contribuído para o incidente. "Não há problema do policial que está no administrativo atuar no operacional. A nossa carreira é única, a formação é única", afirmou.
A PRF confirmou o afastamento dos agentes envolvidos na ocorrência, mas não divulgou a quantidade de policiais afastados. A corporação segue apurando os detalhes do caso.
O caso
A jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na cabeça nesta terça-feira (24), véspera de Natal.
Juliana viajava com a família para passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, em Niterói, quando o veículo foi alvejado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O pai dela, Alexandre Rangel, 53, era quem dirigia o veículo no momento dos disparos. Ele disse que, quando ouviu a sirene do carro da polícia, logo ligou a seta para sinalizar que ia encostar, mas os agentes já saíram do veículo atirando.
“Falei para a minha filha: ‘Abaixa, abaixa’. Eu abaixei, meu filho deitou no fundo do carro, mas infelizmente o tiro pegou na minha filha. Eles já desceram do carro perguntando: 'Porque você atirou no meu carro?’. Só que nem arma eu tenho, como é que eu atirei em você?”, disse Alexandre.
Juliana foi levada para receber atendimento no Hospital Adão Pereira Nunes, onde foi submetida a uma cirurgia. De acordo com a prefeitura de Duque de Caxias, seu estado de saúde é considerado gravíssimo.
O pai também foi baleado na mão esquerda, mas não teve fraturas e recebeu alta ainda na terça-feira.