Diretor do Deic afastado por corrupção nega acusações e promete ação por calúnia

Decisão do governo estadual ocorreu após o Fábio Pinheiro ser citado em uma delação ao Ministério Público (MP)

Fábio Pinheiro foi afastado da Deic após denúncia de corrupção
Foto: Roberto Navarro/Alesp
Fábio Pinheiro foi afastado da Deic após denúncia de corrupção

O delegado Fábio Pinheiro Lopes , conhecido como Fábio Caipira , foi afastado nesta sexta-feira (20) da direção do Departamento Estadual de Investigações Criminais ( Deic) de São Paulo

A decisão do governo estadual ocorreu após o delegado ser citado em uma delação ao Ministério Público (MP) que o envolve em suspeitas de corrupção policial e ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em entrevista coletiva, Fábio negou as acusações e afirmou que pretende processar por calúnia o advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves , apontado como intermediário no suposto esquema.  

Delação e acusações

Segundo o empresário Vinicius Gritzbach , réu em um processo de lavagem de dinheiro e delator no caso, seu advogado Ramsés teria solicitado R$ 5 milhões para resolver a situação judicial. Desse valor, R$ 800 mil seriam honorários advocatícios, e R$ 4,2 milhões seriam destinados como propina ao delegado Fábio Caipira e a outros dois delegados: Murilo Fonseca Roque e Antonio Olim, este último também deputado estadual à época.  

Gritzbach afirmou ter pago parte do montante em dinheiro, além de realizar uma transferência bancária de R$ 300 mil em 2022 e entregar dois apartamentos como parte do acordo. Escrituras mostram que os imóveis foram vendidos para Ramsés e uma parente dele.  

Em coletiva na Associação de Delegados do Estado de São Paulo (Adpesp), Fábio Caipira negou qualquer envolvimento.

"Injustiçado, eu tenho 32 anos de polícia, você pode ver minha carreira", desabafou. Ele também questionou a versão apresentada por Gritzbach, alegando que o deputado Olim foi enganado por Ramsés.  

"O advogado foi e contou uma história. E, pra mim, o advogado enganou o Vinicius [Gritzbach] e usou o meu nome, usou o nome de um delegado que não conheço e usou o nome de dois deputados honrados", declarou. 

Olim também repudiou as acusações: "Recebo, com veemente indignação, notícias acerca do meu nome e de outras honradas autoridades com fatos nebulosos, imprecisos e improvados”, disse em nota.

A defesa de Ramsés negou que o advogado tenha solicitado propina em nome dos delegados. Murilo, também afastado, não foi localizado para comentar.  

Investigações e mudanças na Polícia Civil


O governo paulista instaurou uma força-tarefa para apurar a conduta dos delegados. Segundo fontes, todos responderão em liberdade enquanto as investigações prosseguem. Paralelamente, mudanças estão sendo articuladas nos principais departamentos da Polícia Civil. O delegado Ronaldo Sayeg, atual diretor do Denarc, é o nome mais cotado para assumir o comando do Deic.