Pimenta chama Bolsonaro de 'covarde' após ação da PF: 'Pedir anistia é aceno à impunidade'

Ministro da Comunicação cobrou que o ex-presidente assuma responsabilidade pela tentativa de golpe em 2022

Ministro Paulo Pimenta deu a declaração a repórteres durante o G20
Foto: João Pedro Lima
Ministro Paulo Pimenta deu a declaração a repórteres durante o G20

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta , chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro de "covarde" ao comentar nesta terça-feira (19) a  operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares por tentativa de golpe de Estado em 2022 e por planejar matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)  Alexandre de Moraes.

"O Bolsonaro é covarde. Isso é verdade porque, se ele não fosse covarde, já tinha assumido a responsabilidade dele mesmo. Ele está pedindo anistia pra aquela gente que está presa, devia ter coragem de assumir que ele é o mandante, que ele é o principal responsável por toda essa engrenagem criminosa e, na medida em que ele assumisse, inclusive, talvez parte desses que foram manipulados por ele, até pudesse ter um outro tratamento por parte da Justiça. Agora, pelo que a gente conhece a personalidade dele covarde, ele preferiu, inclusive, fugir para os Estados Unidos", disse Pimenta em conversa com jornalistas durante a  cúpula do G20.

Para o ministro, a deflagração dos acontecimentos mostra que discutir anistia aos condenados do 8 de janeiro seria um "aceno à impunidade". 

"Isso é uma organização criminosa que tentou, de forma violenta, impedir que o resultado das urnas fosse cumprido. Essa investigação não terminou. Por isso que falar em anistia nesse momento é acenar para a impunidade; e a impunidade é o fomento da violência, do negacionismo, o que leva a situações como essa que nós estamos assistindo", disse Pimenta.

O ministro lembrou que o "plano criminoso" estava no computador do ajudante de ordens do presidente da República, Mauro Cid, que era o mesmo computador que tinha a  minuta do golpe.

"Estas reuniões ocorreram no Palácio da Alvorada, no dia nove. É muito importante a gente ter no tempo a lembrança do que tava acontecendo. Os acampamentos na frente dos quartéis. Neste dia, Bolsonaro discute ajustes na minuta do golpe. Dia doze ocorre a diplomação", disse.

Pimenta, porém, constatou que o país mostra que as suas instituições estão fortalecidas após o incidente.

"Há um tempo, era impossível a gente imaginar o general sendo preso, coronel da ativa sendo preso, agente da Polícia Federal sendo preso. O crime contra a democracia tem que ser punido exemplarmente, civil, militar, seja quem for, então eu espero que a investigação avance", finalizou.

A operação

Os militares suspeitos de planejar um golpe de Estado  presos nesta terça-feira pela PF queriam envenenar o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes. A informação está na decisão do próprio Moraes, que autorizou a operação da PF.

No documento, tornado público nesta terça, a PF alega que os militares criaram um grupo chamado "Copa 2022", para organizar as etapas do plano golpista, em que usavam codinomes relacionados aos países da Copa do Mundo para se comunicarem.

Além disso, a PF descobriu que planejavam monitorar o deslocamento de autoridades em novembro de 2022, logo após as eleições de Lula.

Entre as ações cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes.

"Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e a chance de baixa [termo relacionado a morte no contexto militar] seria alta", diz um trecho.

"Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de 'neutralizar' o denominado 'centro de gravidade', que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado", prossegue a PF em trecho citado por Moraes.