Alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram denunciados por racismo após ofenderem estudantes da Universidade de São Paulo (USP ) durante os Jogos Jurídicos Estudantis, realizados em Americana, no interior de São Paulo, no último sábado (16). Vídeos (abaixo) que circulam nas redes sociais mostram membros da Torcida da Atlética 22 de Agosto, da PUC-SP, proferindo insultos racistas, como "pobre" e "ainda por cima é cotista", contra alunos negros da USP.
A repercussão foi imediata, especialmente após as imagens viralizarem nas redes sociais. As ofensas ocorreram durante uma partida de handebol masculino entre equipes da PUC-SP e da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Em um dos vídeos, é possível ouvir gritos de provocação direcionados a estudantes negros da USP, associando sua condição racial e socioeconômica a uma suposta inferioridade.
Em reação ao ocorrido, a co-deputada estadual Letícia Chagas, em parceria com a deputada federal Sâmia Bomfim e a vereadora Luana Alves, formalizou a denúncia ao Ministério Público, solicitando a abertura de um inquérito para investigar o caso. Segundo as parlamentares, as ofensas transcendem o ambiente esportivo e configuram um comportamento discriminatório, uma vez que associam a condição socioeconômica e racial dos estudantes cotistas a um estigma de inferioridade.
No documento apresentado ao Ministério Público, a denúncia ressalta que tais atitudes ferem os direitos fundamentais e violam diretamente os princípios da dignidade humana e da igualdade, que são protegidos pela Constituição Brasileira.
A repercussão do caso também gerou uma nota de repúdio conjunta das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP. Ambas as universidades se manifestaram contra as ofensas, afirmando que as atitudes de discriminação são "absolutamente inadmissíveis" e que repudiaram veementemente qualquer manifestação de racismo, seja no ambiente acadêmico ou em qualquer outra esfera. As instituições reforçaram o compromisso com a promoção da igualdade, com valores democráticos e com a combate à discriminação racial.
A PUC-SP também se comprometeu a investigar internamente o ocorrido e a tomar as providências cabíveis para que incidentes como esse não se repitam no futuro, garantindo um ambiente de respeito e inclusão para todos os estudantes.
As instituições se comprometeram "a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar".
"Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes", disse o comunicado.
A PUC-SP soltou uma nova nota lamentando o ocorrido. A universidade ressaltou que "promove a inclusão social e racial, por meio de programas de bolsas na graduação e na pós-graduação" e que incluiu "letramento racial na formação dos docentes".
Veja o vídeo
"Ainda por cima é cotista”
— BT Mais (@belemtransito) November 17, 2024
Durante os Jogos Jurídicos Estaduais em Americana (SP), estudantes da PUC-SP foram flagrados em vídeos proferindo insultos racistas contra alunos da USP, como "cotista filho da p*ta" e "pobre".
📸 @leticiachagassp pic.twitter.com/Bp7pukMJqT