Quem matou o delator do PCC? Veja as três principais hipóteses investigadas

Empresário Antônio Vinicius Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ele foi delator de membros da facção criminosa

Vinicius Gritzbach em entrevista ao Domingo Espetacular
Foto: Reprodução/TV Record
Vinicius Gritzbach em entrevista ao Domingo Espetacular

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) tem três linhas principais de investigação sobre  a morte do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, que ocorreu na última sexta-feira (8), no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Ele era delator da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em um acordo com o Ministério Público.

1. Envolvimento de agentes de segurança e penitenciário

Uma das linhas de investigação da Polícia Civil é que os  seguranças contratados para a escolta pessoal de Gritzbach falharam de forma proposital, indicando o momento exato em que o empresário estava desembarcando no aeroporto.

Todos os oito agentes da equipe de escolta trabalham no 18º e no 23º BPM-M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano).  Eles foram afastados das funções temporariamente e tiveram seus celulares confiscados. Até o momento, nenhum deles foi indiciado ou responsabilizado pelo crime.

Os mesmos PMs já eram alvo de uma investigação pela Corregedoria da PM justamente por fazerem escolta para Vinicius, que tem ligação com o PCC.

O advogado dos policiais que faziam a segurança, Guilherme Flauzino, afirmou eles não têm envolvimento na execução do empresário. “Estavam apenas trabalhando, fazendo seu bico. Eles cuidavam do filho do Vinícius como se fosse filho deles”, explicou ao Fantástico.

Oito dias antes da execução, Gritzbach denunciou agentes da Polícia Civil que estariam tentando extorquir dinheiro dele. Os alvos da denúncia trabalham no Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no 24º Distrito Policial (DP), Ermelino Matarazzo, e no 30º DP, Tatuapé.

Além dos policiais, um agente penitenciário que era corréu com Vinicius em um processo de homicídio de dois membros do PCC (Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Cláudio Marcos de Almeida, o Django) também passou a ser investigado por suposta relação com a execução do empresário.

Na delação premiada para o MP, ele acusou um delegado do DHPP de exigir dinheiro para não implicá-lo no assassinato dos membros da facção. Com isso, a suspeita é a de que o empresário foi morto como "queima de arquivo", para não delatar mais profissionais da segurança.

2. Envolvimento de integrantes do PCC

A segunda hipótese é de que ele foi morto a mando do PCC por delatar o esquema ilegal de lavagem de dinheiro do grupo. Além disso, ele estaria devendo 100 milhões de dólares que seriam de Cara Preta.

3. Envolvimento de devedor

Uma terceira linha de investigação propõe que alguém teria decidido matá-lo por alguma dívida financeira. Vinicius estava no aeroporto chegando de uma viagem que fez para Maceió para cobrar dinheiro de uma pessoa, que lhe deu joias em troca.  Elas foram avaliadas em cerca de R$ 1 milhão.

O homem que entregou as joias também se tornou alvo de investigação.

Entenda o caso

Gritzbach afirmava atuar no ramo imobiliário, entretanto, era réu na Justiça em dois processos. Um deles apurava um esquema de lavagem de dinheiro para o crime organizado, e outro era sobre um duplo homicídio de Cara Preta e Django.

Foi no âmbito desses processos que Gritzbach concordou em fazer uma deleção premiada para revelar os envolvidos no esquema ilegal de lavagem de dinheiro. Com isso, passou a ser considerado um traidor pelos membros do grupo e a ser alvo de ameaças, inclusive de agentes da polícia.

Vinicius foi morto após voltar de uma viagem a Maceió com a namorada. Ele seria recebido pelo filho no aeroporto, que estava acompanhado de quatro policiais militares.