Tiroteio em Guarulhos: como delator morto era envolvido com PCC e imóveis de luxo em SP

Vinícius Gritzbach foi morto na tarde desta sexta-feira (8) em um tiroteio em massa no aeroporto de Guarulhos

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que fez a delação, foi acusado pelo PCC de desfalque de R$ 100 milhões em bitcoins e é jurado de morte pela facção
Foto: Reprodução/Youtube
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que fez a delação, foi acusado pelo PCC de desfalque de R$ 100 milhões em bitcoins e é jurado de morte pela facção

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach , morto na tarde desta sexta-feira (8) em um  tiroteio em massa no aeroporto de Guarulhos , era um empresário que investia em bitcoins e vendia imóveis de luxo em São Paulo . Aparentemente, algo comum para classe média. O homem supostamente sempre foi o alvo principal do ataque e o motivo poderia ser envolvimento com o Primeiro Comando da Capital ( PCC ).

Desde 2021, Gritzbach enfrentou sequestros e prisões pelo envolvimento com a facção criminosa. Eles terminaram em um momento ruim, no qual Gritzbach fez uma delação premiada para o Ministério Público do Estado de São Paulo ( MSPS ) e, por acusações de desvio de dinheiro, acabou jurado de morte pela facção.

Confira detalhes do envolvimento do empresário Vinícius Gritzbach com o PCC


O envolvimento de Vinícius Gritzbach com o PCC começou com negócios com Anselmo Bechelli Santa Fausta , também conhecido por Cara Preta - um homem de posição importante dentro do PCC. Eles se aproximaram para empresário ajudar a investir Bitcoins e vender imóveis.

Quando foi convidado para delatar, Gritzbach revelou que vendeu diversos imóveis para membros do PCC. Ele disse que:

Negócios com Cara Preta

– Homem pagou R$ 15 milhões em espécie em apartamento de SP e usou dinheiro de lavagem de drogas do PCC par pagar;

– Ele comprou apartamento de R$ 3,1 milhões;

– Ao todo, Cara Preta chegou a negociar R$ 180 milgões em imóveis;

– Imóveis eram registrados em laranjas.

Negócios com Django

– Django, outro membro do PCC, comprou dois imóveis: um em Riviera de São Lourenço Bertioga, no valor de R$ 5,1 mi e R$ 2,2 mi;

– O homem, depois, participou do “tribunal” do PCC para Vinicius, e votou para que não fosse morto. Django apareceu enforcado, e Vinicius delatou essa ser a causa.

Negócios com Cebola

– Cebola, sócio de Django e Cara Preta, comprou, também com nome de laranjas, dois apartamentos em São Paulo.

Acusações de envolvimento com dinheiro

Tudo começou a ir mal para Gritzbach quando Cara Preta o denunciou por, supostamente, desviar dinheiro dos investimentos dele em Bitcoin. O PCC acusou o empresário de embolsar R$ 100 milhões do dinheiro de Cara Preta.

O narcotraficante, então, começou a exigir prestação de contas e apresentações da evolução do investimento.

Mandado de morte para Cara Preta


De acordo com o MSPS, então, Cara Preta começou a exigir que Vinícius devolvesse esse valor. Para não fazê-lo, o empresário teria mandado matar o traficante e o motorista dele. Gritzbach nega todas as acusações.

A dupla de integrantes do PCC foi morta no dia 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, onde Cara Preta tinha casa. O atirador foi Noé Alves Schaum (assassinado em janeiro de 2022) e o crime foi organizado por Gritzbach e pelo agente penitenciário David Moreira da Silva. 

Os dois homens foram presos pelo crime.

Mandado de morte para Gritzbach


A defesa de Gritzbach argumentou que, dentro da prisão, ele era ameaçado pelo PCC. No Natal de 2023, o empresário escapou de um atentado a tiros no prédio onde ele morava no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. 

Um homem abriu tiros contra uma janela do apartamento de  Gritzbach. Ele passava o Natal com os pais, filhos e tios na residência.

O empresário se encontrava na sala do imóvel de luxo, ao lado da família. À época, segundo a coluna de Josmar Jozino no 

De acordo com o advogado do empresário, no final da tarde de Natal, o Gritzbach se aproximou da janela para fazer uma filmagem, momento que foram feitos os disparos. A bala estilhaçou os vidros, mas ninguém se feriu.

Ataque no aeroporto


Vinicius Gritzbach desembarcava no aeroporto após voltar de uma viagem de Goiás acompanhado da sua namorada. O empresário encontrou dois seguranças, um deles estava com o filho do empresário, que teria visto o crime. 

Um carro estacionado na área de desembarque com cerca de quatro homens disparou pelo menos 29 tiros, sendo de fuzil e de metralhadora. Um dos disparos teria acertado a cabeça do empresário.

carro foi encontrado momento depois na na comunidade Vila Nossa Senhora de Fátima , perto da Avenida Otávio Braga de Mesquita com munições de fuzil e um colete balístico.

Além de Gritzbach, três pessoas foram baleadas. Segundo a TV Band, um dos tiros teria acertado as costas de uma das vítimas.

O estado de saúde das vítimas ainda não foi divulgado.

** Jornalista pelo Mackenzie e cientista social pela USP, trabalha com redação virtual desde 2015 e teve passagem em grandes redações do Brasil. Curte cultura, política e sociologia.