O Brasil registrou cerca de 140 acidentes aéreos, com um total de 132 mortes, em 2024. Os dados foram divulgados pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos ( CENIPA ).
Esses dados representam o maior número de mortes em acidentes aéreos nos últimos 10 anos . O aumento desse tipo de acidente no país acendeu um alerta entre autoridades e especialistas do setor de aviação.
O especialista em aeronáutica Silvio Buria afirma que, apesar de cada acidente ter causas específicas, o aumento expressivo dos incidentes requer uma investigação mais profunda das razões em comum.
“O aumento significativo no número de acidentes sugere a necessidade de investigar possíveis fatores comuns, como falhas mecânicas, condições meteorológicas adversas e questões relacionadas à manutenção das aeronaves. O CENIPA destaca que as principais causas de acidentes em 2024 foram falha ou mau funcionamento do motor, excursão de pista e perda de controle”, explica Buria.
Investigação dos acidentes aéreos?
Silvio Buria trabalha no ramo da aviação há cerca de 30 anos. Ele explica que quando um acidente ocorre, o CENIPA realiza uma série de etapas para analisar as causas. O procedimento envolve desde a coleta de dados no local do acidente e análise dos destroços, até entrevistas com testemunhas e revisão dos registros de manutenção da aeronave .
Além disso, também acontece a análise dos dados das caixas-pretas (gravadores de voz e de dados de voo). “Esse processo visa identificar os fatores contribuintes e emitir recomendações para prevenir ocorrências futuras”, explica.
Para Buria, a falha de motor é um dos principais motivos para os acidentes registrados. Segundo uma matéria do UOL , 42 acidentes aéreos foram causados por falhas de motor em 2024.
“Falhas de motor podem resultar de diversos fatores, incluindo: manutenção inadequada ou insuficiente; desgaste natural dos componentes; defeitos de fabricação; operação inadequada da aeronave; a manutenção preventiva e inspeções regulares são essenciais para identificar e corrigir potenciais problemas antes que resultem em falhas catastróficas”, específica.
O especialista ressalta que a falta de manutenção adequada é um dos fatores de maior preocupação, que pode comprometer a segurança dos voos.
“Empresas que não seguem rigorosamente os cronogramas de manutenção ou utilizam peças de reposição de qualidade inferior podem comprometer a segurança das aeronaves”, alertou Buria.
Apesar dos acidentes, vale ressaltar, que os aviões são um dos meios de transportes que menos tem acidentes no mundo. O especialista destaca que novas medidas estão sendo implementadas para aprimorar a segurança e evitar futuros acidentes, como:
– Atualização de regulamentos: a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) revisa e atualiza constantemente as normas de segurança;
– Programas de treinamento: investimento em capacitação contínua de pilotos e equipes de manutenção;
– Tecnologia avançada: implementação de sistemas de monitoramento em tempo real e diagnósticos avançados;
– Fiscalização rigorosa: inspeções regulares e auditorias em empresas aéreas para garantir conformidade com os padrões de segurança.
Acidente da Voepass
Este ano, um avião caiu em Limeira , no interior de São Paulo. A fatalidade com a aeronave da Voepass causou a morte de 62 pessoas. O laudo preliminar indicou que o congelamento das asas contribuiu para a tragédia.
Buria explica que o gelo pode se acumular nas asas em determinadas condições climáticas, comprometendo a sustentação da aeronave e levando à perda de controle.
“O gelo pode se formar em condições meteorológicas específicas, e sistemas de degelo inadequados ou falhas no seu funcionamento podem agravar a situação. A investigação completa ainda está em andamento para determinar todos os fatores contribuintes”, ressalta.
Buria completa que o aumento no número de acidentes e fatalidades em 2024 é “alarmante” e evidencia a necessidade de reforçar práticas de manutenção, treinamento e fiscalização.
“É crucial que todas as partes envolvidas – autoridades reguladoras, companhias aéreas e profissionais da aviação – trabalhem em conjunto para identificar e mitigar riscos, garantindo a segurança de todos os passageiros e tripulantes”, finaliza.
** Formado em Jornalismo pela Universidade de Sorocaba e Técnico de Locução de Rádio pelo Senac. Gosta de contar boas histórias e de conhecer novas pessoas. Amante de esportes, também gosta de pets, animes e de uma boa conversa.