Ícone do fotojornalismo brasileiro, Evandro Teixeira morre aos 88 anos no RJ

Teixeira construiu uma carreira marcada por registros históricos, especialmente, tirando fotos da ditadura militar e das questões sociais do Brasil

relevância do trabalho de Teixeira foi reconhecida com prêmios da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa
Foto: Acervo IMS
relevância do trabalho de Teixeira foi reconhecida com prêmios da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa

O fotógrafo Evandro Teixeira morreu aos 88 anos no Rio de Janeiro ( RJ ) nesta segunda-feira (4). Ao longo de mais de sete décadas, ele construiu uma carreira marcada por registros históricos, especialmente, tirando fotos da ditadura militar e das questões sociais do Brasil .

Teixeira é considerado um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro . Sua trajetória tornou-se um legado no Jornal do Brasil , onde trabalhou por 47 anos.

Evandro Teixeira , natural de Irajuba , na Bahia , iniciou-se no jornalismo em 1950, no Jornal de Jequié , o que possibilitou a compra de sua primeira câmera. Ele seguiu trabalhando no Jornal Rio Novo , em Ipiaú , onde aprendeu a fotografar com Teotônio Rocha , até chegar a Salvador em 1954. 

Na capital baiana, ele estudou fotografia por correspondência com José Medeiros, enquanto trabalhava no Diário de Notícias. Em 1958, ingressou no Diário da Noite, e em 1963, começou sua trajetória no Jornal do Brasil, onde permaneceu até o encerramento da versão impressa, em 2010.

Durante o golpe militar de 1964, Evandro Teixeira estava no Forte de Copacabana e capturou um dos momentos emblemáticos daquele período: a chegada do general Humberto Castello Branco. Em 1968, cobriu os protestos estudantis e a repressão militar no Rio de Janeiro, registrando imagens marcantes dos confrontos e da Passeata dos Cem Mil.


Teixeira também registrou o golpe militar no Chile, em 1973, onde foi o único jornalista a fotografar Pablo Neruda já morto, no hospital. Suas imagens captaram a dor do povo chileno com uma sensibilidade reconhecida mundialmente.

Em 1994, o fotógrafo visitou Canudos, na Bahia, palco de um dos episódios mais violentos da história brasileira, revisitando a região diversas vezes. 

Suas fotografias ganharam espaço em museus como o Museu de Belas Artes de Zurique, o MASP em São Paulo, o MAM e o MAR no Rio de Janeiro, além de uma de suas obras, “Fotojornalismo”, estar disponível na biblioteca do Centro de Artes George Pompidou, em Paris.

A relevância de seu trabalho foi reconhecida com prêmios da Unesco, Nikon e da Sociedade Interamericana de Imprensa. Em 1994, Teixeira também foi incluído na Enciclopédia Suíça de Fotografia, ao lado de ícones mundiais da função.