Onda de calor em SP: temperatura em Paraisópolis é até 9 °C mais quente que no Morumbi

Plataforma UrbVerde, desenvolvida por pesquisadores da USP, aponta como a desigualdade socioeconômica intensifica os efeitos das mudanças climáticas na capital

Comunidade de Paraisópolis, em São Paulo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Comunidade de Paraisópolis, em São Paulo

A desigualdade socioeconômica pode intensificar os efeitos das ondas de calor para as classes mais baixas: a UrbVerde , uma plataforma de monitoramento de temperatura desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) aponta que há uma diferença de 9 °C nas temperaturas registradas em Paraisópolis e no Morumbi , na capital paulista.

Paraisópolis marcou 4 °C acima da média de São Paulo, chegando à posição de ilha de calor. Já o Morumbi foi apontado como ilha de frescor, por estar 5 °C abaixo da média.

No dia mais quente observado em Paraisópolis, o índice chegou a 44 °C, considerado de "estresse muito forte para o calor". Nesse dia, foram registrados 34 °C no Morumbi, nível de "estresse forte". Acima de 46 °C, segundo a medição, há estresse extremo.

Segundo Gustavo Menezes, um dos desenvolvedores da plataforma, há fatores relacionados à arborização e à arquitetura das residências que podem impactar no resfriamento e na passagem de ar.

"Dentre os fatores que influenciam, tem os telhados de alvenaria, que absorvem mais luz do sol, mas a principal diferença mesmo é a vegetação", explicou à Folha de São Paulo.

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Além do planejamento, o Morumbi segue com maior rigor as leis que controlam quanta vegetação pode ser removida para construções, o que privilegiam a adaptação climática. 

Esse cenário é vivido pela minoria na cidade de São Paulo - 87% dos paulistanos moram em áreas com percentual de cobertura vegetal abaixo da média recomendada, segundo o UrbVerde.

A prefeitura informou à Folha que tem realizado reuniões com a equipe da UrbVerde para a elaboração de um "Atlas da Temperatura". 

A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou que a capital tem 54% de cobertura vegetal e, "para ampliar ainda mais a vegetação e enfrentar os efeitos das mudanças climáticas" em 2024, a administração declarou como de utilidade 32 áreas verdes particulares.

Calor extremo traz consequências para a saúde

O calor extremo tem várias consequências para o corpo humano: além da desidratação e tontura, os afetados têm mais chance de infarto e AVC.

A recomendação do Ministério da Saúde é manter os ambientes frescos, com a ajuda de ventiladores e ar-condicionado. Além disso, que pessoas com condições de saúde preexistentes monitorem rigorosamente seus sintomas durante os períodos de altas temperaturas.

Outras orientações da pasta são:

  • Vestimenta adequada: Usar roupas leves, de cores claras e de tecidos que permitem a transpiração.
  • Hidratação constante: Beber água regularmente, mesmo quando não se sente sede, e evitar bebidas alcoólicas ou com cafeína, que podem aumentar a desidratação.
  • Rotina ajustada: Planejar atividades ao ar livre para os horários mais frescos do dia, como a manhã cedo ou o final da tarde.
  • Alimentação leve: Preferir alimentos leves e de fácil digestão, como frutas e saladas, evitando refeições pesadas que exigem mais energia para serem digeridas.

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