A investigação da Polícia Civil de Pernambuco sobre o envolvimento de Deolane Bezerra e sua família em um esquema de lavagem de dinheiro relacionado a apostas e jogos de azar revelou movimentações suspeitas de valores arredondados nas contas de Solange Bezerra, levantando alertas sobre o "clã Bezerra".
Segundo o jornal EXTRA, que teve acesso à investigação, a maioria das transferências era feita entre a conta da avó e a do neto, filho caçula da advogada.O Portal iG está no BlueSky, siga para acompanhar as notícias!
"Atualmente movimentando valores acima de sua capacidade financeira, com alta fragmentação nas contrapartes e rápida evasão de recursos, além de valores frequentemente arredondados na unidade de milhar sem justificativa encontrada para tal: R$15.000,00, R$20.000,00, R$10.000,00, etc", diz o relatório da Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) inserido na Operação Integration, ao qual o jornal EXTRA teve acesso na íntegra.
Entre as transações investigadas, destacam-se os R$ 250 mil transferidos para cada um dos filhos de Deolane entre novembro de 2022 e maio de 2023, além de um gasto de R$ 50 mil em uma loja Prada, sem nota fiscal.
A Polícia também investiga remessas de dinheiro enviadas à empresa DIMI JOIAS LTDA, que faz joias personalizadas para muitos famosos, principalmente do funk e trap.
A apuração se intensificou após um erro de Dayanne Bezerra, irmã caçula de Deolane, que tentou sacar R$ 2 milhões em espécie para comprar um imóvel em São Paulo. O valor surpreendeu o Coaf, que emitiu um alerta à Polícia Civil, já que os rendimentos declarados da advogada eram de apenas R$ 21 mil mensais.
Deolane se defendeu dizendo que a negociação em espécie era necessária porque o proprietário da casa só aceitava essa forma de pagamento. Com isso, foi emitido um alerta para a Diretoria Integrada Metropolitana (DIM), da Polícia Civil, no dia 24 de novembro de 2023.
Imóvel suspeito
Dayanne, irã de Deolane, avisou ao banco que compraria o imóvel de Deric Elias Costa Silva, de 20 anos, irmão do influenciador Nino Abravanel, de 18. Os dois já haviam sido presos acusados de assassinar a tiros um pedreiro que matou o avô deles.
A investigação revelou que o vendedor do imóvel não tinha a propriedade registrada em seu nome e estava envolvido em processos judiciais.
“Em consulta ao ONR (Operador Nacional do Registro Eletrônico de Imóveis) no dia 24/11/2023 às 14:05h, (...) não há nenhum imóvel no Estado de SP, em nome do CPF indicado por Dayanne, que ela forneceu à gerência do banco e quem fez o provisionamento do saque”, diz o relatório.
O documento também informou à polícia que Dayanne teria cotas nas empresas Bezerra Comércio de Artigos em Geral Ltda (50%), DSDD Cobranças e Informações Cadastrais Ltda (25%), Bezerra Produções Artísticas Ltda (10%) e Bezerra Publicidade e Comunicação Ltda (1%).
A movimentação financeira de Dayanne também chamou a atenção, com cerca de R$ 6 milhões recebidos entre abril e setembro, a maior parte por transferências via Pix, sem identificação clara da origem dos recursos.
"Chama atenção a movimentação a crédito apresentada não ser possível atestar que a origem dos recursos seja proveniente da atividade comercial, tendo em vista que a maior parte dos valores recebidos são oriundos de empresas de meio de pagamento, onde não é possível identificar o real remetente desses recursos”, diz o documento.
O contrato de compra do imóvel não foi apresentado ao banco, tornando a operação ainda mais suspeita. O saque de R$ 2 milhões foi barrado e as contas da família Bezerra foram encerradas.
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