Temperatura de SP pode aumentar em 6ºC até 2050, diz pesquisa

Estado pode ter ondas de calor com duração de até 150 dias, diz o estudo realizado pelo Instituto Geológico e pela Cetesb

SP pode ficar até 6°C mais quente até 2050 e ter ondas de calor com mais de 150 dias, diz pesquisa
Foto: Reprodução/Marcelo Camargo - Ag.Brasil
SP pode ficar até 6°C mais quente até 2050 e ter ondas de calor com mais de 150 dias, diz pesquisa

O estado de São Paulo pode ficar até 6ºC mais quente e ter ondas de calor com mais de 150 dias até o ano de 2050, revelou um estudo realizado pelo Instituto Geológico e pela Companhia Ambiental do Estado deSão Paulo (Cetesb).

A pesquisa, divulgada pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), analisou dados climáticos entre 1961 e 1990 e fez comparações com projeções para o período de 2020 a 2050. Os resultados foram dois possíveis cenários para o futuro climático do estado.

Cenário otimista

O cenário otimista pressupõe a estabilização nos níveis de concentração de CO² (gás carbônico). A redução das emissões seria feita a partir da implementação de programas de reflorestamento. Além disso, projeta a diminuição das áreas de cultivo agrícolas, bem como a adoção de políticas climáticas rigorosas e, como consequência, a redução do consumo de energia por meio de combustíveis fósseis.

Cenário pessimista

O cenário pessimista projeta um futuro sem mudanças significativas nas políticas ambientais e climáticas. Como consequência, a sociedade pode vivenciar o aumento dos níveis de CO² até o fim do século, a expansão de áreas agrícolas - que deve acompanhar o crescimento da população mundial, projetada em 12 bilhões em 2100 -, além da alta dependência de combustíveis fósseis.

Aumento na temperatura

O estudo prevê o aquecimento da atmosfera menos intenso na faixa litorânea (devido ao controle exercido pelo oceano), e maior na região Noroeste, mais afastada do Oceano Atlântico.

Em relação à temperatura máxima anual, os pesquisadores projetam um aumento em todo o estado, que varia entre 0,5°C a 1,5ºC no Litoral Norte e na Baixada Santista.

A maior taxa de aquecimento parte de 3°C a 4ºC acima da temperatura normal (considerando o intervalo entre 1961 e 1990), até 6°C no limite superior do cenário mais pessimista, com previsão de um aquecimento mais intenso na área central do estado.

Ondas de calor e eventos extremos

Segundo o estudo, no cenário pessimista, todo o estado pode sofrer uma redução de 1 a 3 dias nos períodos de ondas de frio. Algumas áreas isoladas podem ter redução de até 1 dia.

A partir desta projeção, os pesquisadores também concluíram que pode haver um aumento significativo do indicador de duração de ondas de calor.

No pior cenário, esse aumento é superior a 150 dias no Norte do estado. No cenário otimista, o menor aumento projetado é de 25 dias, no Sul.

Outra previsão do estudo é o aumento na frequência de eventos climáticos extremos e da alternância entre eles. Um dia pode ter o clima muito seco, e o seguinte ser de chuva forte, causando desabamentos, inundações e erosões, especialmente nas áreas litorâneas.

Críticas ao governo

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo se baseou no resultado da pesquisa para cobrar algumas medidas do governo estadual, como:

  • Plano de ação contra o aquecimento em SP;
  • Medidas para garantir a preservação das áreas de conservação ambiental;
  • Recriação dos Institutos Geológico, Florestal e Botânica, bem como da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias);
  • Fortalecimento do sistema paulista de pesquisa e tecnologia, com mais investimentos.

"É urgente fortalecer o sistema paulista de pesquisa e tecnologia, exigindo investimentos financeiros e em recursos humanos. Enquanto isso, o governo Tarcísio de Freitas tenta entregar áreas de conservação para a iniciativa privada, uma afronta ao futuro dos paulistas", criticou a presidente da APqC, Helena Lutgens.

O que diz o governo de SP

"A Secretaria do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de SP tem compromisso com a sustentabilidade ambiental e resiliência climática e possui um aparato de programas voltados para o equilíbrio ambientalista do Estado. Desde 2022, a pasta possui o Plano de Ação Climática (PAC) 2050 e o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE-SP), que mapeiam cenários climáticos globais para aplicação e gestão de riscos ao estado.

Dentre as estratégias e especificidades de atuação para implementação do PAC 2050, o Governo de SP montou um comitê gestor da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), intersecretarial, para discutir ações integradas correlatas à pauta. As ações visam atingir os objetivos de neutralidade de emissões de São Paulo, a partir de seis eixos: Transportes; Energia; Resíduos; Agropecuária, Florestas e Usos do Solo; Processos Industriais e Uso de Produtos; Finanças Verdes e Inovação. O planejamento e as execuções devem ainda serem monitoradas por um conselho, tripartite - neste momento, em processo de estruturação.

Lançado recentemente pela pasta, o Finaclima-SP, mecanismo de financiamento que permite a combinação de recursos públicos e privados, atuará para complementar a implementação das ações necessárias de mitigação e adaptação previstas no PAC e no Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC).

Sistemas estaduais de pesquisa e tecnologia

Desde 2021 a Semil possui o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), fruto da união dos institutos Florestal, Botânica e Geológico, cujas atividades técnico-científicas desenvolvidas são voltadas para o planejamento territorial, de restauração de ecossistemas, de manutenção das unidades de conservação e das mudanças climáticas - totalmente integrado às políticas públicas de Estado. Ainda, o IPA dá suporte às atividades da Defesa Civil estadual no atendimento de desastres naturais, principalmente os ligados a deslizamentos.

Quanto às ações voltadas para o monitoramento de endemias, a Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), da Secretaria de Estado da Saúde, realiza estudos e pesquisas sobre os temas, sob avaliação de conselhos responsáveis. As atividades regionais de campo são realizadas pelos municípios, vinculadas aos Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE) e de Vigilância Sanitária (GVS) estaduais."

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