Raquel Cattani foi morta pelo cunhado a mando do ex-marido, diz polícia

A filha do deputado bolsonarista Gilberto Cattani foi ameaçada pelo ex dias antes da morte

Raquel Cattani e o ex-marido
Foto: Reprodução
Raquel Cattani e o ex-marido

A Polícia Civil de Mato Grosso descobriu que o assassino da produtora rural  Raquel Cattani, de 26 anos, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL) é o cunhado da moça. A morte foi a mando do ex-marido, por quem ela foi ameaçada quatro dias antes. Os dois foram presos na quarta-feira (24).

De acordo com as investigações, o ex-marido de Raquel, Romero Xavier, planejou o crime e o irmão dele, Rodrigo Xavier, realizou o assassinato.

Raquel e Romero são pais de duas crianças, de 6 e 3 anos, que estavam com o pai no dia do crime. No começo das investigações, ele chegou a se apresentar espontaneamente para prestar depoimento e, na ocasião, os agentes descartaram a participação do ex-marido na morte.

O cunhado de Raquel, Rodrigo, foi preso em Nova Mutum. Ele tinha várias passagens na polícia por furtos e outros crimes, além de ter sido usuário de droga no passado. 

A polícia desconfiou de Rodrigo por ele e Romero terem se aproximado após o término do casamento com a produtora. Durante o matrimônio, os irmãos não eram tão próximos.

"Após horas de vigilância, ele chegou na residência e, ao ser entrevistado, apresentou muito nervosismo com a presença dos policiais", informou a corporação.

1 /4 Raquel publicava nas redes as tarefas no sítio e o trabalho de empreendedora na Queijaria Cattani Reprodução: Redes Sociais
2 /4 Imagem de drone do sítio que Raquel Cattani morava Divulgação
3 /4 Velório foi na manhã de sábado (20) Divulgação
4 /4 Raquel foi esfaqueada 30 vezes Divulgação


Ameaças

Raquel chegou a ser ameaçada pelo ex-marido dias antes de morrer. Ela confidenciou isso a uma amiga no dia 15 de julho e morreu na noite do dia 18.  Ela foi encontrada morta na manhã do dia 19.

Segundo a testemunha, Raquel foi procurada por Romero, que teria dito que “se ela não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém”.

Após ser ameaçada, a empresária contou que estava providenciando câmeras de segurança na propriedade onde morava, porém, foi morta antes que pudesse arrumar o imóvel. Segundo o boletim de ocorrência, Romero ainda tinha as chaves da casa da ex-esposa, visto que as fechaduras não foram trocadas após a separação.


A investigação

Segundo a investigação policial, Romero levou o irmão até o sítio de Raquel Cattani, deixando ele escondido nas proximidades. Durante o dia, ele almoçou com o ex-sogro e depois levou os filhos do casal para Tapurah, no intuito de criar um álibi e afastá-los do crime planejado.

A investigação revelou que à tarde, no dia 18 de julho, Romero chamou pessoas com as quais não tinha muita proximidade para beber e assar carne. Na noite daquele dia, ele frequentou três boates em Tapurah. Segundo a polícia, essa sequência de eventos indicava uma tentativa de estabelecer um álibi ao estar na cidade, evitando ser considerado o principal suspeito.

As autoridades destacaram que Romero tinha conhecimento da rotina de Raquel e, de maneira premeditada, tirou os filhos da residência anteriormente. Conforme a investigação, enquanto o ex-marido da vítima simulava seu álibi, Rodrigo aguardava o momento para cometer o crime assim que ela chegasse no sítio.

Por volta das 20 horas na quinta-feira, Raquel foi agredida e morta com mais de 30 facadas. Em seguida, Rodrigo roubou alguns objetos da casa, danificou a televisão externamente e fugiu com a motocicleta da vítima em direção a Lucas do Rio Verde.

O executor do crime descartou a motocicleta, o celular e a faca no rio próximo. A Polícia Civil solicitará ao Corpo de Bombeiros que inicie buscas no local.

Na quarta-feira, uma equipe liderada pelo delegado Edmundo Félix se dirigiu ao assentamento Pontal do Marape para prender o mentor intelectual do homicídio e levá-lo à delegacia de Nova Mutum.

O crime

Raquel era produtora rural, especializada na produção de queijos artesanais e foi morta em um dos quartos de sua casa, localizada em um sítio no Assentamento Pontal do Marape, no município de Nova Mutum.

No domingo (21), Gilberto Cattani, deputado bolsonarista, usou as redes sociais para desabafar sobre os rumores envolvendo a morte de sua filha.

"Com o coração partido, mas preciso falar algumas coisas aqui. O marido da Raquel não foi preso nem confessou crime algum e nem eu matei minha filha como foi noticiado. Tenham pelo menos respeito a dor alheia seus desgraçados", escreveu o deputado na rede X.

O crime aconteceu em Nova Mutum, a cerca de 160km da área urbana e a 2km da casa do pai.

O assassinato comoveu autoridades locais, estaduais e nacionais. Além do governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), também lamentou a notícia.

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