O Exército de Israel confirmou nesta sexta-feira (24) a morte de Michel Nisembaum , de 59 anos, um brasileiro que estava sendo mantido refém pelos extremistas do Hamas na Faixa de Gaza. Com mais de 45 anos de residência em Israel, Nisembaum deixou um legado familiar, com duas filhas e quatro netos, o quinto previsto para nascer no próximo ano. Seu trabalho era ligado à área da computação.
Nisembaum recentemente havia iniciado sua atuação como guia turístico e desapareceu na manhã do dia 7 de outubro. Ele saiu para buscar sua neta de quatro anos em uma base militar na cidade de Re’im, sul do país, onde ela estava com o pai, um soldado do Exército israelense.
Anteriormente, Nisenbaum havia exercido outras funções, incluindo motorista, entregador, vendedor e prestador de serviços de informática. Ele também era voluntário na Rescue Union, onde trabalhou como motorista de ambulância.
Mary Shohat, irmã de Michel, compartilhou detalhes sobre o desaparecimento do irmão ao jornal O GLOBO. A última vez que sua sobrinha, filha de Michel, conversou com o pai foi por volta das 7h daquele fatídico 7 de outubro, quando combatentes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel, desencadeando uma escalada de violência. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:
"Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram 'Hamas, Hamas'. Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto", relatou Mary na época.
Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores confirmou que a Embaixada do Brasil em Tel Aviv estava em contato com as autoridades locais a respeito do brasileiro desaparecido desde 7 de outubro.
O Itamaraty já havia confirmado em outubro que Nisenbaum estava entre os desaparecidos do ataque terrorista do Hamas contra Israel. Acredita-se que ele era o único brasileiro mantido como refém pelo Hamas.
Um comunicado militar afirma que uma operação conjunta dos serviços de inteligência de Israel em Jabaliya, no norte do território, permitiu recuperar durante a noite os corpos do brasileiro Michel Nisenbaum, do franco-mexicano Orión Hernández Radoux e do israelense Hanan Yablonk. Nas redes sociais, o presidente de Israel, Isaac Herzog, lamentou as perdas do brasileiro e outros dois reféns:
This morning our broken hearts go out to the Yablonka, Hernández, and Nisenbaum families as we receive the bitter news of the recovery of the bodies of their loved ones from Gaza. I send my full support to the courageous men and women of the IDF and Shin Bet, who are working…
— יצחק הרצוג Isaac Herzog (@Isaac_Herzog) May 24, 2024
Em entrevista à CNN Brasil, Mary Shohat, irmã de Nisembaum, revelou que seu irmão foi sequestrado enquanto seguia para uma base militar israelense para buscar uma de suas netas. O carro de Nisembaum foi encontrado carbonizado pelas autoridades israelenses em uma estrada na região de fronteira com Gaza.
Em depoimento perante uma comissão do Senado Federal em dezembro, Mary Shohat e a filha de Nisembaum, Hen Mahluf, compartilharam os últimos contatos que tiveram com o brasileiro e expressaram a dor e a agonia que a família tem enfrentado desde seu desaparecimento.
Shohat e Mahluf se encontraram com o presidente Lula, que demonstrou estar profundamente envolvido nas tratativas relacionadas a Nisembaum. Em uma postagem nas redes sociais, Lula destacou que "a libertação dos reféns é uma questão humanitária que precisa estar acima de qualquer conflito", evidenciando seu compromisso com a resolução dessa delicada situação.
No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com a irmã e a filha de Michel Nisembaum, refém mantido pelo Hamas. Após o encontro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, destacou que a libertação de Nisembaum era a principal preocupação de Lula. Durante a reunião, foi ressaltada a angústia da família e a preocupação com a condição de saúde do brasileiro, que dependia de medicamentos.
Em um encontro com senadores, a irmã de Michel, Mary Shohat, expressou a dor da família pela situação e pediu esforços pela libertação do irmão. No Plenário, a filha de Michel, Hen Mahluf, fez um apelo emocionado às autoridades brasileiras, clamando por todos os esforços possíveis para resgatar seu pai.
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