O que se sabe sobre o sequestro de Anic Herdy, desaparecida há 2 meses

Advogada foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, saindo de um shopping em Petrópolis, no Rio de Janeiro

Anic Herdy entrou no carro de funcionário antes de desaparecer
Foto: Reprodução
Anic Herdy entrou no carro de funcionário antes de desaparecer

O 105ª DP (Petrópolis) e a Delegacia Antissequestros (DAS) investigam o desaparecimento da advogada e estudante de psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy , de 54 anos. Ela desapareceu em 29 de fevereiro, quando foi vista pela última vez em um shopping em Petrópolis.

Anic é mãe de um casal e é casada com o empresário Benjamin Cordeiro Herdy, 78, um dos filhos de José de Souza Herdy, fundador do complexo educacional em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que deu origem à Unigranrio.

A polícia e a denúncia do Ministério Público do Rio apontam que Anic foi sequestrada por um dos prestadores de serviço do casal , chamado Lourival Correa Neto Fadiga, em troca de dinheiro. A investigação também suspeita que a advogada foi assassinada e teve o corpo ocultado.

Confira tudo o que se sabe até o momento sobre o caso:

Desaparecimento

A investigação concluiu os últimos passos da advogada antes do sequestro . Câmeras do estacionamento mostram que Anic chegou ao Shopping Pátio Petrópolis por volta das 11h08 do dia 29 de fevereiro. Ela usava um vestido bege longo e colete jeans.

Às 11h28, é possível vê-la acessando os elevadores do piso do estacionamento. Sendo assim, ela ficou no veículo por cerca de 20 minutos, e lá deixou o telefone.

Outro ponto curioso é que, mesmo após esperar pelos elevadores, Anic decide usar as escadas. A investigação suspeita que ela tenha evitado o percurso para não ser capturada pelas câmeras.

Às 11h30, ela caminha pela praça do shopping, sempre olhando para o telefone. Às 11h33, ela aparece nas câmeras da saída principal do estabelecimento, e 1 minuto depois, ela atravessa a rua.

As câmeras também mostraram que o carro de Lourival, um Jeep Compass, passa pela Rua General Osório no sentido e lado onde Anic caminhava, às 11h48. Quando o carro se aproxima, ela entra no veículo.

Ameaças

No mesmo dia, por volta das 20h30, o marido de Anic começa a receber ameaças por meio de mensagens de texto. Os sequestradores pediram dinheiro em troca da advogada - ao todo, pediram R$ 4,6 milhões, o que foi pago por Benjamin em dinheiro e bitcoins.

Os criminosos disseram para Benjamin não levar o caso à polícia e o orientaram a pedir a ajuda de Lourival.

Foto: Reprodução
Mensagens de texto entre sequestradores e Benjamin, o marido de Anic


No dia 10 de março, Benjamin foi até o West Shopping, na Barra da Tijuca, com esperanças de receber a esposa. Lourival ficou encarregado de deixar a mala com o dinheiro do resgate em uma lixeira na comunidade do Terreirão, na Zona Oeste. 

No entanto, Anic não apareceu.

E Lourival, por sua vez, não deixou o dinheiro na lixeira. A investigação descobriu que ele foi até uma concessionária e comprou um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil e uma moto de R$ 30 mil, além da comprar 950 celulares no valor aproximado de 153 mil dólares.

Como Anic não voltou mesmo com o pagamento do resgate, a filha dela denunciou o sequestro à Polícia Civil no dia 14 de março.

Mensagem duvidosa

Além das mensagens dos investigadores, Benjamin recebeu uma mensagem que, supostamente, seria de Anic. A advogada informava que ela havia forjado o sequestro para sair do país com o amante, e que teria usado o dinheiro falso do resgate para isso. A polícia desconfia da autoria da mensagem.

Investigação

A polícia indica que os principais suspeitos do sequestro da advogada são Lourival, seus dois filhos, Maria Luiza Vieira Fadiga e Henrique Vieira Fadiga, e sua amante.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), Lourival foi o mentor do crime. Por ser amigo e funcionário da família há pelo menos três anos, ele conhecia a rotina da advogada, além de ter acesso irrestrito a cartões de créditos e senhas.

Lourival não só foi capturado pelas câmeras de segurança no dia do desaparecimento, como também dirigia o carro em que Anic entrou antes de desparecer, sem contar que usou o dinheiro do resgate para fazer compras de alto valor.

Além disso, não relatou à polícia ou a Benjamin que se encontrou com Anic no dia do suposto sequestro.

A investigação também levantou a hipótese de Anic e Lourival terem um 'envolvimento amoroso', o que foi relatado em um depoimento de uma das testemunhas ouvidas no inquérito. Não foi comprovado tal envolvimento, e nem que ele tenha motivado o sequestro da advogada.

Os investigadores também não descartam que o sequestro tenha sido, em algum momento, planejado com a ajuda de Anic .

Lourival, seus filhos e sua amante estão presos, e respondem por extorsão mediante sequestro pelo Ministério Público do Rio (MPRJ).

O que aconteceu com Anic?

Sem novas mensagens ou informações sobre Anic, a Polícia Civil agora investiga se a advogada está viva ou se foi assassinada e teve o corpo ocultado.

O que dizem as defesas

Em nota, a defesa de Lourival disse que ainda não foi formalmente notificada da acusação e que "somente se manifestará perante o judiciário". O advogado Paulo Tostes afirmou ainda que "acredita que irá comprovar durante a instrução criminal que a acusação se deu de forma açodada e que os verdadeiros eventos não foram apurados, crendo na improcedência dos fatos atribuídos a seu cliente".

Já a defesa dos filhos de Lourival, Maria Luiza e Henrique, diz que a prisão dos dois é uma "medida que se mostra completamente descabida e desprovida de qualquer fundamento jurídico", já que as investigações "não apresentaram nenhuma prova concreta que os incrimine. Ao contrário, todas as evidências colhidas apontam para a total inocência dos jovens".

O que diz a família de Anic

Por meio do advogado, a família de Anic divulgou nota sobre a angústia vivida desde o seu desaparecimento. "Além dessa angústia, estão receosos e com medo, pois, da forma como o desaparecimento ocorreu, o marido e os filhos não sabem o que esperar das pessoas envolvidas. Têm medo do que elas são capazes de fazer. Mas, definitivamente, o que mais tem atingindo os familiares é a profunda saudade da presença de Anic em suas vidas".

O Disque Denúncia recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.

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