Quem é Piruinha, bicheiro de 94 anos alvo de operação do MP

Há mais de 70 anos, José Caruzzo Escafura é considerado um dos maiores nomes do jogo do bicho no Rio de Janeiro

Bicheiro Piruinha em 2022
Foto: Mauro Alonso / Divulgação - 15.07.2022
Bicheiro Piruinha em 2022

Na manhã desta terça-feira (30), o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil deflagraram a operação "Bancarrota" , que mira a organização liderada pelo contraventor José Caruzzo Escafura, 94, conhecido como Piruinha. 

A ação cumpre mandados de busca e apreensão em 14 endereços de pessoas físicas e jurídicas ligadas à exploração do jogo do bicho e máquinas de caça-níqueis. Até o momento, não há mandado de prisão expedido contra Piruinha.

O bicheiro cumpria prisão domiciliar desde maio de 2022, sob a acusação de envolvimento na morte de um comerciante de carros em julho de 2021. Na última sexta-feira (26), ele foi absolvido pelo 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, assim como sua filha Monalliza Neves Escafura, que está foragida, e o policial militar Jeckeson Lima Pereira.

Na época da prisão, o MP divulgou uma nota em que dizia que "[Piruinha] exerce, há décadas, o domínio do jogo do bicho em diversas regiões da cidade, em especial nos bairros de Madureira, Abolição, Cascadura, Maria da Graça, Piedade e Inhaúma."

Mais de 70 anos na contravenção

Piruinha é uma das figuras mais conhecidas do jogo do bicho carioca: aos 94 anos, ele é o mais velho contravento ainda vivo.

Ele era motorista de lotação quando entrou no ramo da contravenção em 1950, e passou a gerenciar bancas na região da Abolição, Piedade e Inhaúma, área onde mora até hoje. 20 anos depois, já era visto como um dos maiores bicheiros da capital fluminense, com bancas também na zona norte - mais   especificamente, nos bairros de Madureira, Cascadura e Maria da Graça.

Apesar de ser conhecido como bicheiro, Piruinha nunca liderou uma escola de samba. Entretanto, esse motivo não contribuia para ser considerado menos violento - além da contravenção, ele explorava outras atividades, como motéis em bairros da Zona Oeste.

Ele foi preso pela primeira vez em 1993. Picuinha e outros 14 indivíduos - entre eles, todos os líderes da contravenção carioca - foram condenados a 6 anos por formação de quadrilha. O caso repercutiu fortemente à época, mas nenhum dos condenados cumpriu a pena na íntegra.

Além disso, ele também chegou a ser investigado por supostamente estar envolvido com uma quadrilha de abortos clandestinos - o que nunca foi provado.

Filho assassinado

Em 2017, um dos filhos de Picuinha, Haylton Carlos Gomes Escafura, 37, foi assassinado com a mulher em um hotel na Barra da Tijuca. As investigações apontaram uma suposta disputa por pontos de máquinas caça-níqueis no Rio como motivação.

Na ocasião, os assassinos arrombaram a porta do quarto de hotel do casal e mataram os dois a tiros.

A apuração da morte do filho do bicheiro foi citada no relatório final da Polícia Federal sobre a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. De acordo com o documento, indícios apontam que a corporação não concluiu quem matou Haylton por conta de uma suposta interferência do delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Divisão de Homicídios na época e que foi preso no caso Marielle.

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