Incêndio em pousada: vítimas são enterradas sem presença de familiares

Custos do velório de quatro das vítimas do incêndio da última sexta (26) foram pagos pelo dono da funerária, que fez uma doação

Quatro das 10 vítimas do incêndio da última sexta-feira (26) foram enterradas sem a presença da família no RS
Foto: Reprodução/RBS TV
Quatro das 10 vítimas do incêndio da última sexta-feira (26) foram enterradas sem a presença da família no RS

Quatro das 10 vítimas do  incêndio em uma pousada na região central de Porto Alegre (RS) que deixou outras 13 pessoas feridas na madrugada de sexta-feira (26) foram enterradas sem a presença de familiares e amigos. O enterro aconteceu neste sábado (27), na Zona Norte da capital.

Essas vítimas moravam na pousada, que era destinada para pessoas de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social. Muitas das pessoas que viviam no local estavam em situação de rua.

Como os corpos foram carbonizados no incêndio, os caixões foram deixados fechados. O velório foi custeado pelo dono de uma funerária da cidade, que fez a doação da cerimônia, e os túmulos foram providenciados pela prefeitura.

Apesar da falta de familiares, alguns representantes de movimentos sociais que trabalham com a defesa da população em situação de rua compareceram ao cemitério para prestar condolências.

Além deles, o secretário do Desenvolvimento Social de Porto Alegre também participou da cerimônia.

Dez pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas após um incêndio atingir uma pousada no centro de Porto Alegre (RS) na madrugada desta sexta-feira (26/04).. Foto: Reprodução: Flipar
A décima vítima foi encontrada no 3º andar do prédio durante as buscas dos bombeiros pela manhã. . Foto: Reprodução: Flipar
De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, a pousada abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade.. Foto: Reprodução: Flipar
O espaço era de propriedade privada e contava com 30 pessoas presentes no momento do incidente. As causas do incêndio ainda não foram informadas. . Foto: Reprodução: Flipar
De acordo com testemunhas, uma pessoa se atirou do terceiro do andar do prédio para tentar escapar das chamas.. Foto: Reprodução: Flipar
A pousada ficava localizada entre as ruas Garibaldi e Barros Cassal, na Avenida Farrapos.. Foto: Reprodução: Flipar
A chegada dos bombeiros foi por volta das 2h da madrugada. O fogo só foi totalmente controlado por volta das 5h.. Foto: Reprodução: Flipar
Duas vítimas foram encontradas no primeiro andar, cinco no segundo e três no terceiro.. Foto: Reprodução: Flipar
Todas as pessoas resgatadas precisaram de cuidados médicos e tiveram que ser levadas para hospitais pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).. Foto: Reprodução: Flipar
Seis sobreviventes foram levadas para o Hospital de Pronto-Socorro, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).. Foto: Reprodução: Flipar
Desses, quatro estão em estado grave, duas precisaram ser entubadas, uma passará por uma cirurgia e outra está sendo tratada por ter inalado fumaça.. Foto: Reprodução: Flipar
Outros três pacientes encontram-se no Hospital Cristo Redentor. Um deles ficou queimaduras em 20% do corpo, outro com lesão no tornozelo e uma terceira que não teve informações divulgadas até a tarde desta sexta-feira (26/04).. Foto: Reprodução: Flipar
Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo se espalhou rapidamente devido à proximidade dos quartos na pousada, o que também pode ter impedido algumas pessoas de sair.. Foto: Reprodução: Flipar
A Defesa Civil considera a possibilidade de incêndio criminoso, mas a Polícia Civil ainda não encontrou evidências que comprovem essa tese.. Foto: Reprodução: Flipar
Segundo relatos, a tentativa de um morador de apagar as chamas com um colchão poderia ter colocado fogo nas paredes, que eram de madeira.. Foto: Reprodução: Flipar
O caso agora está nas mãos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para que seja feita uma investigação.. Foto: Reprodução: Flipar
Ainda de acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o local não tinha alvará ou sequer sistema de proteção contra incêndio.. Foto: Reprodução: Flipar
Também em solidariedade ao ocorrido, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), decretou luto oficial de três dias no município.. Foto: Reprodução: Flipar


O caso

Um incêndio em uma pousada na região central de Porto Alegre matou 10 pessoas e deixou outras 13 feridas na madrugada desta sexta-feira (26). As chamas foram controladas por volta das 5h de sexta e o corpo da décima vítima foi encontrado no terceiro andar do edifício durante a varredura dos bombeiros pela manhã do mesmo dia.

A pousada fica na Avenida Farrapos, entre as ruas Garibaldi e Barros Cassal, no sentido Centro-bairro. A causa do incêndio ainda não foi descoberta. Segundo os bombeiros, o fogo se alastrou rapidamente entre os quartos, que eram muito próximos.  Veja aqui fotos de como era o interior da pousada antes do incêndio.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a  Pousada Garoa estava funcionando irregularmente, não tinha alvará ou plano de proteção contra incêndio.

Contrato milionário

Ainda, a Pousada Garoa tem um contrato com a prefeitura de Porto Alegre, que foi renovado em dezembro de 2023, custando R$ 225.448,33 mensais aos cofres públicos, totalizando R$ 2,7 milhões por ano.

Em conversa com jornalistas em frente à pousada nesta sexta-feira, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), disse que "a prefeitura vai aportar todos os documentos que tem lá na Fasc [Fundação de Assistência Social e Cidadania da Prefeitura]" para verificar o caso.

"Esse convênio é com uma empresa privada, que não acolhe só moradores em situação de rua, mas tem contratos com a prefeitura, ganhou uma licitação. Isso não vem de hoje, vem lá de 2017", disse ele.

Questionado sobre a falta de alvarás pelo estabelecimento, o prefeito disse que os documentos foram apresentados no momento da licitação, mas que, "entre o papel e a realidade, sempre há uma diferença muito grande".

"Nós vamos ter que revisar ou talvez romper esse convênio com eles. Ao longo do dia, vamos tomar a decisão, mas provavelmente eu caminhe nessa direção de romper com eles", disse Melo.

O prefeito afirmou que ainda precisa checar se as vagas que a prefeitura comprou com a Pousada Garoa eram para essa unidade que pegou fogo, já que se trata de uma rede de pousadas.

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